É pouco provável que a seleção de Kosovo consiga ao menos empatar no confronto contra a Inglaterra, nesta terça-feira (10), em Southampton, no Reino Unido, pelas eliminatórias da Eurocopa de 2020. Tradição, torcida e mais recursos técnicos jogam a favor dos ingleses, mas engana-se quem pensa que os kosovares são uma equipe saco de pancadas como Andorra, ilhas Faroe, Malta e San Marino, entre outros.
Em sua primeira participação como país, o Kosovo é uma das surpresas da competição. Aqui vamos, primeiro, a um contexto histórico. Formado por maioria albanesa, em 1998, o grupo KLA (Exército de Libertação do Kosovo) iniciou um conflito armado com os sérvios. Um ano depois, sob intervenção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliada dos kosovares, a disputa terminou. Em 2008, Kosovo, sob jurisdição da ONU desde o fim da guerra, declarou independência. A Sérvia não reconhece a autonomia do país.
Aceitos pela Fifa em 2016, os kosovares estrearam nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 na Rússia, mas, sem campo próprio no país e ainda desorganizados, tiveram campanha desastrosa —somaram apenas um ponto em dez partidas.
Essa experiência fez muito bem aos jogadores. Na Liga das Nações, no ano passado, invicto, o Kosovo garantiu o acesso à terceira divisão do torneio. Agora, pelo Grupo A das eliminatórias da Eurocopa, é um jogo para o país mostrar que pode encarar seleções de peso.
O Kosovo cresceu tanto e a performance impressiona. A seleção é comandada pelo técnico suíço Bernard Challandes, 68 anos, que também trabalha como descobridor de talentos para o Basel, clube do seu país. O treinador diz que está revolucionando a maneira do futebol. Ousado, ele implantou uma tática na qual exige que os seus jogadores pressionem os adversários a todo instante.
"É pressão tática. Num jogo louco, os jogadores vão e voltam, correm, correm e correm. Isso não é tático, talvez não seja correto, não faz sentido. Isto tem de estar na cabeça deles. Eles têm que pensar 'eu vou ganhar esta bola'. Não é apenas defender, é preparar um gol para o nosso lado", destacou Challandes, em sua entrevista coletiva nesta segunda-feira (9).
Com essa aposta tática, entre apresentações oficiais e amistosos, são quinze jogos sem derrota, numa série que dura desde outubro de 2017. A verdade é que os kosovares estão com grandes possibilidades de chegar, pela primeira vez, a uma fase final da Europa.
Foram quatro partidas, com duas vitórias e dois empates. Em segundo lugar, os kosovares somam oito pontos contra nove da Inglaterra, que tem uma partida a menos. Dos triunfos, o país ganhou da Bulgária, fora de casa, e, como mandante, despachou a República Tcheca, na última rodada.
Nessas duas vitórias, a equipe contou com os gols do atacante Vedat Muriqi, jogador do Fenerbahçe, da Turquia. Para coordenar as ações ofensivas, Kosovo aposta no futebol do meio-campista Valon Berisha, que atua na Lazio, na Itália. Eles fazem o país sonhar grande.
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