O desabafo veio do técnico Abel Braga, do Cruzeiro, ao colega Ney Franco, do Goiás, na última segunda-feira (30): “Vida de treinador tá foda. Jogador agora xinga treinador, treinador vai embora e o jogador continua”.
O antecessor de Abelão, Rogério Ceni, havia sido demitido quatro dias antes por ter batido de frente com o meia Thiago Neves. “Conheço a índole desses jogadores, o caráter“, cutucou Ceni na volta ao Fortaleza.
Naquela mesma noite, Oswaldo de Oliveira trocou insultos com o meia Paulo Henrique Ganso, no empate entre Fluminense e Santos. No dia seguinte, o “vagabundo” prevaleceu sobre o “burro pra c...“ e o experiente treinador foi defenestrado das Laranjeiras.
Até mesmo Vagner Mancini esbravejou contra Daniel Alves, que, para ele, teria incentivado o São Paulo a optar por Fernando Diniz.
Essa onda de jogadores que batem de frente com os técnicos não é nova nem exclusividade do Brasil.
Só no Chelsea, desde que Ruud Gullit entrou em rota de colisão com o astro Gianluca Vialli, a quem contratou e por quem acabou substituído, em 1998, nomes como Felipão, José Mourinho, Antonio Conte e Maurizio Sarri —os dois últimos— caíram principalmente por causa de atritos com as estrelas do time.
No Brasil, Dorival Júnior foi retirado do Santos, em 2010, após bater de frente com o ainda garoto Neymar.
Em meio a tantos confrontos entre técnicos e jogadores, o sopro de esperança vem da Espanha. Nos últimos dois anos, o treinador Marcelino García Toral devolveu a grandeza perdida ao Valencia, que vinha de péssimas campanhas —quase amargou a degola no Nacional.
Querido pelos atletas, García Toral levou o clube ao caneco da Copa do Rei, encerrando um jejum de dez anos, e conseguiu vaga na Liga dos Campeões.
Os resultados só não agradaram ao dono do clube, que o demitiu há pouco mais de 20 dias. Inconformados, os jogadores esbravejaram contra a queda nas redes sociais e fizeram voto de silêncio.
Gestos de união, respeito e solidariedade que andam bastante em falta por aqui.
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