Casos de racismo no futebol não param de ocupar as páginas esportivas. Elenco aqui alguns recentes, que chamaram muito a atenção da opinião pública. No mês de outubro, na partida entre Bulgária e Inglaterra, disputada em Sofia, pelas eliminatórias da Eurocopa 2020, parte da torcida do país do leste europeu evocou cânticos racistas e gestos nazistas. O principal alvo foi o atacante do Liverpool, Raheem Sterling.
Apesar da resposta inglesa em campo, com uma sonora goleada de 6 a 0, o resultado desportivo pouco significa em face à gravidade do crime cometido pelos torcedores búlgaros. As punições brandas e nada intimidatórias escancaram como o racismo é estrutural na chamada “civilização” ocidental.
Aqui no Brasil, no último dia 10, durante o clássico mineiro, um crime de injúria racial foi transmitido em rede nacional: torcedores do Galo agrediram verbalmente um segurança negro do estádio Mineirão. Na sexta-feira, no jogo entre Atlético-GO e Paraná, pela série B, um torcedor do Dragão xingou e fez gestos imitando um macaco, direcionados ao zagueiro reserva Eduardo Bauermann.
Um levantamento inédito realizado pelo site GloboEsporte.com revelou que 48,1% dos jogadores e técnicos negros que trabalham nas séries A, B e C já foram vítimas de racismo. Um número, no mínimo, alarmante. Outro dado que escancara o racismo estrutural em nosso futebol está no banco de reservas. Dos técnicos dos 20 clubes da Série A, apenas Roger Machado (Bahia), Marcão (Fluminense) e o interino Coelho (Corinthians) são negros.
O futebol precisa aproveitar sua posição e dar exemplo. As entidades que o comandam precisam reconhecer sua branquitude e os privilégios dos brancos em sua estrutura. Não basta a campanha: “Diga não ao racismo”. É preciso combater de fato. É sempre urgente o pensamento da professora e filósofa norte-americana Angela Davis: “Em uma sociedade racista, não ser racista não é o bastante. Temos que ser antirracistas”.
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