Descrição de chapéu Opinião

A bola é um detalhe: Uma mensagem otimista para o torcedor brasileiro

São Paulo

Quase* perfeito para o torcedor do Flamengo, o 2019 foi muito ruim, de maneira geral, para o brasileiro que gosta de futebol. Um mal terrível se estabeleceu e outro deu passos largos, perigosos, realmente preocupantes.

Comecemos pelo óbvio. Após o ensaio em 2018, o gol foi definitivamente abolido. Gritar gol, com o abjeto árbitro de vídeo já bem (mal) estabelecido, tornou-se um gesto irresponsável. Todo lance de bola na rede é checado pelo VAR, como sabe o leitor, e a emoção inigualável de vibrar com uma caixa guardada foi esquartejada.

Nada, nada, foi oferecido em troca. O jogo teve seu ritmo muito atrapalhado pelas paralisações, bem mais longas do que as habituais. E a suposta justiça decorrente do estupro ao grito de gol é uma piada. É inacreditável, mas os erros aumentaram, por mais que a estatística bizarra da CBF aponte o contrário.

Árbitro consulta o VAR
Com o VAR, gritar gol virou um ato irresponsável - Rubens Chiri/saopaulofc.net

Privar o torcedor da razão de ele existir, tirar dele o berro fundamental, não foi suficiente. Agora, ele simplesmente não pode ir aos jogos em que alguém decida que há algum “risco à segurança”. Mesmo que não exista nenhum risco à segurança e que a proibição seja apenas parte de um projeto de tirar o pobre do estádio.

O Flamengo esperneou quando não pôde ter seus torcedores contra o Palmeiras no Allianz Parque, mas não hesitou em vetar os do Avaí (!) no Maracanã. Depois, foi a vez de o Palmeiras reclamar por não ter torcida diante do Cruzeiro, com uma cara de pau verdadeiramente notável.

Esqueça o resto, que também está terrível. Mesmo que seja alienado e se preocupe apenas com futebol, você provavelmente teve um ano péssimo. Mas está no fim. Despeça-se. Adeus, 2019. Só não pense que 2020 será melhor.

*Os títulos, maravilhosos, inesquecíveis, com jornadas memoráveis, não apagam a tragédia no Ninho do Urubu ou o tratamento dado às famílias nem a associação vergonhosa e indelével a que se submeteu a diretoria rubro-negra.

Marcos Guedes
Marcos Guedes

33 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e, como o homenageado deste espaço, Nelson Rodrigues, acha que há muito mais no jogo do que a bola, "um ínfimo, um ridículo detalhe". E-mail: marcos.guedes@grupofolha.com.br

Assuntos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.