Descrição de chapéu Opinião

Na Sobra: Diretor do Timão mancha história de lutas do clube

Duílio Monteiro faz comentário homofóbico e expõe que preconceito está longe de acabar

São Paulo

Time do povo, da campanha pela democracia, da inclusão social, do respeito às minas e de tantas outras minorias. O Corinthians frequentemente levanta essas bandeiras. Porém, algumas situações demonstram como o preconceito está enraizado e basta um comentário banal para estragar todo o trabalho, aliás muito bem feito, de conscientização e respeito às diferenças.

O diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, classificou como uma “brincadeira infeliz” quando disse “24, aqui, não”. Esse comentário foi feito ao ser questionado por que o volante colombiano Víctor Cantillo, apresentado na última sexta-feira (10), não usaria a camisa 24, o seu número durante a passagem pelo Junior Barranquilla. Constrangido, o jogador confirmou que foi alertado pelos dirigentes de que não poderia seguir com ele, que no Brasil é associado à homossexualidade por ser correspondente ao veado no Jogo do Bicho.

O diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, acompanhado do  volante Victor Cantillo, segura a camisa do clube
O diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, que fez comentário preconceituoso na apresentação do volante Víctor Cantillo, que foi impedido de usar a camisa com o número 24 - Daniel Augusto Jr. - 9.jan.20/Ag. Corinthians/Divulgação

Ora, se o Corinthians é um dos times que mais levantam bandeiras por que não abraçar mais essa causa e que um jogador volte a vestir a camisa 24. Depois do goleiro Cássio, na campanha do título da Libertadores de 2012, nenhum atleta corintiano entrou em campo com esse número às costas. Convido o leitor a uma reflexão. Qual foi a última vez que algum jogador do seu time vestiu essa camisa?

Isso me fez lembrar de um texto, em uma rede social, do meu amigo e repórter Marcio Torvano, da rádio 105 FM. Cirúrgico, ele lembrou que as pessoas entendem que são graves ofensas, concordo também, os gritos homofóbicos nos estádios, mas não se pronunciam quando os juízes são xingados com ataques às suas mães. Há quem diga que isso é uma brincadeira, parte do folclore do futebol.

É triste, mas isso reforça que o preconceito está muito longe de acabar. Porém, não podemos desanimar. Tudo isso passa por começarmos a ensinar as nossas crianças, desde cedo, de que somos todos iguais. Afinal, definir uma pessoa pelo número de sua camisa é de uma enorme estupidez.

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