Morreu tragicamente um dos melhores jogadores de basquete de todos os tempos. Houve, então, 8 bilhões de manifestações genuínas de louvor ao craque, e nenhuma foi sobre seu talento.
Tudo bem, talvez menos de 8 bilhões, talvez mais do que nenhuma. Mas é ilustrativo o fato de as qualidades técnicas excepcionais terem ficado em 24º plano.
Em quase todos os relatos, deixando de lado qualquer hipérbole, está a palavra “inspiração” ou alguma derivada. E, se um homem é tão grande quanto o número de pessoas em cuja alma ele consegue tocar, Kobe Bryant é um Golias com maior impulsão.
São realmente incontáveis os exemplos. Há o sujeito que, com dificuldade para respirar após múltiplas cirurgias, sobreviveu perguntando a si mesmo: “O que Kobe faria?”. Há o professor primário que fez com que os alunos escrevessem seus maiores medos, amassassem o papel e o arremessassem na cesta de lixo gritando: “Kooobeee!”.
Há o garotinho de cinco anos, também chamado Kobe, que estava morrendo e teve como último desejo ver o Kobe original. O pequeno Kobe foi visitado no hospital e, mesmo cheio de fios no corpo, trocou passes e ideias com o grande Kobe. Segundo sua mãe, as fotos daquele momento são as únicas com ele sorrindo.
Kobe virou quase sinônimo de superação, de confiança no próprio taco.
Ele passou por cima de lesões duríssimas e chegou a acertar dois arremessos importantes depois de romper o tendão de Aquiles. Naquelas bolas e em todas as outras, demonstrou uma fé cega de que a redinha seria balançada, por mais improvável que fosse o acerto.
Não exatamente cega, porque sua preparação era maníaca. Ele treinava como um psicopata, fazia o tudo o que estava ao alcance e vivia com os resultados.
Kobe não era santo e teve momentos péssimos. Ninguém, porém, é seu pior momento, ninguém deve ser reduzido à sua pior versão. E o grande legado de Kobe é inspirar os outros a ser a sua melhor.
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