Duas torcidas.
Duas torcidas, chegando e saindo por rotas diferentes, no mesmo estádio.
Duas torcidas, chegando e saindo por rotas diferentes, meio a meio, divididas por uma corda.
Duas torcidas, chegando e saindo por rotas diferentes, com a visitante segregada a 10% do (pior) espaço.
Duas torcidas, chegando e saindo por rotas diferentes, com a visitante segregada a 5% do (pior) espaço.
Torcida única.
Torcida única, com facções divididas para não ter briga.
Futebol sem torcida.
Não pode instrumento.
Nem mastro na bandeira.
Muito menos abraço.
Não pode nada.
Solidão verdadeira.
Não pode comemorar gol.
Sem festejar.
Zoar nem pensar.
Tirar a camisa não pode.
Abraçar o torcedor não pode.
Comemorar com o rival não pode.
Não vale provocar.
Festejar com os seus não pode.
Não vale estimular.
A sociedade está doente.
Não é de hoje.
Falta de civilidade deprimente.
O problema vem de longe.
A pandemia é séria.
É preciso foco urgente no problema de agora.
Coronavírus não é brincadeira.
Não é fantasia nem histeria.
É real como a imbecilidade epidêmica que vem de cima.
Agora é a hora, quem sabe faz a hora.
Todos unidos, separados, contra o vírus.
Vamos vencer a pandemia.
Se Deus quiser, com o menor número de baixas possível.
E depois disso?
Voltaremos a nos separar.
Cada um na sua casa.
Cada um colocando no cada um dos outros.
Alguém acredita no fim da epidemia da idiotia?
Da segregação racial?
Do egoísmo, da covardia?
Da diferença social?
Do machismo, da misoginia?
E na volta de duas torcidas?
E há quem defenda o Estado mínimo.
Não é só a economia, estúpido!
Paulo Freire: "Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.