O sino da igrejinha faz belém-bem-blão, deu meia-noite, o galo já cantou, seu tranca-rua que é dono da gira, ô corre, gira, que Ogum mandou... Alô, povão, agora é fé! Enquanto o Brasil continua empilhando cadáveres aos milhares, já descontando os "ressuscitados" pelo ministério militar da Cloroquina (ex-pasta da Saúde), a cartolagem do time que coloca economia à frente da vida continua querendo entrar em campo.
Como cansei de responder "não tenho a menor ideia" quando questionado sobre a volta do futebol, apelei para o Pai Vavá, impagável pai de santo do incrível filme "Boleiros, Era uma Vez o Futebol". A pedido de Caneladas do Vitão, o músico e ator André Abujamra (parceiro do manifesto Esporte Pela Democracia e da luta antirracista e antifascista) (re)incorporou Pai Vavá com exclusividade à coluna.
"Claro que não pode ter nem Brasileiro, nem Paulista. A gente quer que tenha brasileiro-gente, paulista-gente, e, para ter gente, tem que se proteger. Esse vírus, que ninguém vê, mata, filho, viu? Mata... Não adianta colocar óleo de peixe-elétrico, acender vela, matar galinha, tomar pinga, botar pinga pra exu... Se você não tomar cuidado, rapaz, não vai ter mais brasileiro, não vai ter mais nigeriano, não vai ter mais gente neste planeta", ponderou Pai Vavá.
"Pra que pressa? Espera um pouco, está todo mundo sem dinheiro mesmo! A gente tem sorte que no Brasil tem manga, tem pastel, então segura a peteca. Se depender de mim, dos meus guias, não vai ter Brasileiro, não vai ter Paulista, de jogo, né? Vai ter [brasileiro e paulista] de gente, porque, se tiver de jogo, não vai ter gente."
Mas quando a bola vai voltar, Pai Vavá?
"Pelos meus cálculos aqui, pelos meus orixás, lá para abril de 2021. Vocês ficam tentando fazer coisas antes, vão tudo cair do cavalo. E, quando puder, não vai poder se abraçar, trocar camisa toda suada, beijinho, abraço..."
André Abujamra: "Economia? Agora tem que se cuidar. De 800 em 800 anos, sempre acontece essa junção do mundo, sempre vai acontecer alguma catástrofe. Agora não é hora de pensar em voltar jogo".
Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!
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