Descrição de chapéu Opinião

Caneladas do Vitão: Futebol de preto, pobre e favelado à Bayern de Munique

Palmeirense Patrick de Paula alia tática, técnica e força em campo

Antes de ser mais um anônimo a engrossar a estatística de vidas perdidas para a polícia, para a milícia ou para o tráfico, que, às vezes, não são sinônimos, Patrick de Paula foi "descoberto" pela sociedade na Taça das Favelas.

O palmeirense desfila futebol de preto, pobre e favelado que é a cara do melhor futebol alemão. Meio-campista que marca como volante, arma como meia, finaliza como ponta de lança. Tática, técnica e força que, por serem direcionadas 100% ao coletivo, grifam o brilho individual.

Claudio Oliveira

Pela cor da pele e pela sonoridade do nome, Patrick, na brincadeira, é chamado de "Pogbola", referência ao francês Pogba. Não é uma analogia fiel ao palmeirense. Até faria pelo talento. Mas o craque tem regularidade, frieza e personalidade de alemão de estereótipo.

Disputar pelada, Taça das Favelas, amistoso, jogo-treino, partida para cumprir tabela ou bater o pênalti do título contra o Corinthians do paredão Cássio têm o mesmo peso para quem sabe que é a exceção que tem de, via de regra, matar um leão em cada jornada.

É a mesma mentalidade, ainda que sem a faca no pescoço da necessidade, dos alemães do Bayern. Para Müller, enfiar 8 no Barcelona em campo neutro, 7 no Brasil em BH, ou triturar qualquer um dos sparrings do Campeonato Alemão é a mesma coisa. Ganha-se, perde-se e empata-se com a mesma naturalidade! Não há palco hostil porque a vida não está em jogo.

O carioca Patrick de Paula sabe que não pode contar com o estado. É o seu papel no estádio que pode fazer a diferença. Para ele, para os seus e os que virão.

No passado, Mazinho saiu do Vasco. Para o Palmeiras. Para o mundo. Seu filho Thiago Alcântara nasceu na Itália, morou no Brasil, virou jogador na Espanha, foi o cara do Bayern na decisão contra o PSG e continuará tocando a carreira em Liverpool.

Com o profissionalismo, coragem e bola que tem, Patrick de Paula tem tudo para escolher onde seus filhos nascerão, crescerão e, claro, jogarão bola.

No autointitulado país do futebol, o país que ninguém diz se o Deus que está acima de todos é o Deus da pastora Flordelis, ou se é o Deus do padre Robson, ou se é o Deus do médium João de Deus, o Flamengo é a prova que só Jesus salva!

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Eduardo Galeano: "Somos porque ganhamos. Se perdemos, deixamos de ser."

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