O apito final da partida entre Portuguesa e Marília no dia 23 de dezembro de 2020 tirou um grito entalado na garganta do torcedor lusitano após mais de sete anos: o de campeão. A última vez havia sido o título da Série A-2 do Paulista, em 2013. Mais do que isso, a vitória por 3 a 2 —após já ter vencido fora de casa por 2 a 1— em pleno Canindé, acendeu uma luz no fim do túnel para o tradicional clube.
Essa inédita taça, durante o ano do seu centenário, garantiu a Lusa na Série D do Campeonato Brasileiro no ano de 2021 depois de quatro anos afastada do cenário nacional, quando competiu na mesma divisão em 2017.
Essa reviravolta ocorreu após a contratação do treinador Fernando Marchiori, no momento em que o Lusa vivia a expectativa de cair para a Série A-3 do Paulista.
A partir daí os rumos da nau portuguesa mudaram. O comandante emplacou um grande trabalho, fez o time alcançar a terceira colocação, com 27 pontos, apenas um a menos que o líder São Bernardo, e garantiu uma vaga nas quartas de final contra o XV de Piracicaba, quando foi eliminado.
A Copa Paulista, porém, vai ficar eternamente marcada na memória de torcedores, jogadores, diretoria e comissão técnica. E o ano de 2021 reserva ainda mais emoções. Com a Série A-2 do Paulistão e a Série D do Brasileirão no calendário, a Lusa já começa a se movimentar. A última notícia nos bastidores de 2020 foi a renovação do técnico Fernando Marchiori com o clube até o fim do mandato do presidente Antonio Carlos Castanheira, no fim de 2022.
"Para o ano que vem, espero muitas dificuldades. A Série A-2 vem ainda mais difícil, muito equilibrada e com clubes com alto investimento. Porém, nosso objetivo é devolver a dignidade à Portuguesa e lutar pelos acessos no Paulista e no Brasileiro, um passo de cada vez", diz Marchiori, que comandou o time em 26 partidas em 2020, com 18 vitórias, 4 empates e 4 derrotas.
Apesar do discurso mais contido do treinador, o presidente almeja grandes voos na próxima temporada, amparada pelo departamento de futebol que ele montou composta por ele mesmo, Marchiori, Gegê França, Fábio Toth e o gerente de futebol integrado Flávio Alves.
"As perspectivas para 2021 no aspecto no futebol são imensas. Estamos montando e qualificando ainda mais esse elenco para iniciar a A-2 e buscar o título. Ir à final pelo menos e subir para a elite do estadual. A mesma coisa na Série D. Ainda na sequência, um trabalho pós disputa da A-2: tentar fazer com que a Portuguesa fique entre os quatro e consiga o acesso para a Série C do Campeonato Brasileiro. É tudo isso que pretendo alcançar nessa nova temporada, e sempre com muita alma e muita entrega", destaca Castanheira, que ainda fala sobre outro departamento que pretende movimentar.
"Espero um ano longe dessa pandemia, longe desse vírus, com todo mundo voltando ao normal, o público dentro do estádio, que fez muita falta, e principalmente voltar a mexer no futebol de base da Lusa, uma das minhas frustrações que a pandemia tirou", comenta.
A Lusa estreia na Série A-2 contra a xará Portuguesa Santista, no dia 28 de fevereiro, um domingo, no estádio Ulrico Mursa, em Santos, ainda sem horário definido.
Reformulação define futuro
"Quando o Castanheira e o Flávio me procuraram, havia uma preocupação de que após três anos do time brigando para não cair, isso ocorresse bem no ano do centenário. Aceitei o desafio por amor a esse clube e foi a melhor decisão da minha vida. Conseguimos não só fugir do rebaixamento como nos classificar com uma rodada de antecedência, o que o clube nunca havia conseguido desde que caiu [em 2015]", comenta o técnico Fernando Marchiori.
Na ocasião, houve 11 saídas e 9 contratações de jogadores, entre os quais os experientes zagueiros Diego Jussani, 33, e Diego Sacoman, 34, e a continuidade do trabalho do treinador. Assim, a Portuguesa rumou para a Copa Paulista.
Com uma campanha de mais de 80% de aproveitamento, apenas uma derrota em 14 jogos e grandes atuações, a taça veio. "Esse título da Copa Paulista representou que somos capazes de reerguer a Portuguesa. Uma camisa muito pesada. Levantar essa taça no ano do seu centenário, em que a Portuguesa está se reestruturando é muito gratificante", celebra o xerife Jussani.
Um dos principais destaques dessa trajetória foi o meia Geovani. Contratado já na reta final da Série A-2, o jogador de 28 anos brilhou com cinco gols na campanha do título.
"Jogar em um grande clube como a Portuguesa, atuar no futebol paulista onde a visibilidade é gigante e somar a tudo isso a sensação de ser campeão. Foi diferente conquistar esse título pela Portuguesa, foi algo único na minha carreira, pela camisa pesada, por ser o ano do centenário, pela emoção dos torcedores. Eu vivi algo indescritível", disse Geovani.
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