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Mundo Olímpico: A Olimpíada de Tóquio-2020 é um erro

Em meio à pandemia do Covid-19, os Jogos deveriam ser cancelados

São Paulo

Apenas em três oportunidades a disputa dos Jogos Olímpicos foi cancelada, todas elas devido a confrontos bélicos: em Berlim-1916, por causa da Primeira Guerra Mundial; em Tóquio-1940, devido à guerra entre Japão e China; e em Londres-1944, pela Segunda Guerrra Mundial.

A situação atual de pandemia pela Covid-19 não é uma guerra, mas se mostrou tão sangrenta quanto. Prova disso é que a Olimpíada de Tóquio-2020 foi adiada para este ano, com a expectativa de que a doença já estivesse controlada.

Embora o Comitê Organizador tenha afirmado que os Jogos serão realizados entre julho e agosto, a maior parte da população de Tóquio é contra a disputa
Embora o Comitê Organizador tenha afirmado que os Jogos serão realizados entre julho e agosto, a maior parte da população de Tóquio é contra a disputa - Kazuhiro Nogi - 7.fev.21/AFP

Infelizmente, isso está longe de acontecer. No caso do Brasil, então, a situação conseguiu piorar em relação a 2020, com o presidente Jair Bolsonaro insistentemente menosprezando a pandemia, propagando o não uso de máscaras de proteção e não fazendo o mínimo esforço para conseguir as tão esperadas vacinas.

Além disso, grande parte da população teima em achar que a vida voltou ao normal, enquanto o número de mortes se mantém em mais de mil por dia no país.

Mesmo nos países em que o governo está agindo prontamente para acabar com a pandemia, a visão do futuro ainda causa preocupação, pelas várias mutações do coronavírus.

Por isso, ninguém pode garantir que os Jogos de Tóquio acontecerão sem intercorrências. Mesmo que todos os atletas, equipes, voluntários e jornalistas se vacinem, ainda haverá o temor de contaminações.

O comitê organizador chegou a divulgar uma cartilha dos protocolos de segurança que serão seguidos à risca, proibindo gritos e cantos durante os eventos e obrigando os participantes a usarem máscaras o tempo todo, menos ao ar livre e para comer e dormir.

Se realmente houver público nas arenas e a cartilha for seguida, o clima olímpico se resumirá aos atletas. E pior, as conquistas podem se tornar frias, sem o calor e o apupo do público.

Para evitar a disseminação ainda maior da pandemia e para os Jogos manterem a aura que sempre tiveram, o melhor seria cancelar o evento deste ano e destinar o bilionário orçamento olímpico para a luta contra a Covid-19. Para o bem da humanidade.

Em tempo: eu amo a disputa olímpica, assistir aos melhores esportistas do mundo no auge de suas formas. Mas não dá para fechar os olhos para a tragédia que assola o planeta.

Claudinei Queiroz
Claudinei Queiroz

48 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduado em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Senac e tecnólogo em Gestão do Esporte pela Universidade São Marcos. E-mail: claudinei.queiroz@grupofolha.com.br

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