Randal não é fascista. Nem negacionista. Muito menos isentão covarde da falsa simetria. Jamais apoiou genocida. Ao contrário, não manchou os dedos de sangue digitando 17 em candidato apologista de tortura e ditadura. Nem aglomerou sem máscara na praia, na piscina ou em balada clandestina.
A ida quinzenal ao supermercado foi substituída pela compra on-line e o almoço dominical com a mãe idosa transformado em protocolar visita de 15 minutos: ele, na calçada; a mãe, triste e necessariamente isolada de Randal e toda a família, a um quintal de 5 metros de distância, na entrada da sala.
Em relação à filha, ao genro, irmãos, tios, primos, sobrinhos e agregados, o contato ficou limitado às chamadas e às mensagens por aplicativo. As atividades no centro espírita ficaram restritas ao ambiente virtual.
Aos 54 anos e histórico de corredor amador habitué em São Silvestres, o risco do empregado Randal estava 100% concentrado no trajeto metroviário superlotado de ida e volta ao trabalho.
Os cuidados não impediram que o vírus fizesse alguma baldeação para o corpo de Randal. O teste confirmou o que estado febril, ausência de olfato e dores no corpo sinalizavam. Para Randal, vítima de um desgoverno que apostou na cloroquina, a Covid chegou antes da vacina.
Depois de 12 dias internado em hospital particular credenciado do seu caro plano de saúde, sentado numa cadeira por dois dias até a liberação de um quarto, depois aguardando vaga na unidade semi-intensiva, com o pulmão comprometido em 40%, 50% e o índice PCR aumentando dia a dia até reverter a tendência e abaixar progressivamente, Randal, enfim, teve alta. Ele e a companheira, que, em paralelo, foi internada dois dias depois no mesmo hospital e passou pelo mesmo martírio.
Randal achava que o sofrimento tinha chegado ao fim. Mas para corinthiano tudo tem que ser sofrido. Ele chegou ao apartamento a tempo de passar vergonha e assistir ao seu negacionista Corinthians se sujeitar a entrar em campo contra o Retrô-PE. E ainda só empatar e levar a vaga nos pênaltis.
Sofrimento à parte, Randal está vivo. Graças a Deus!
Na pessoa de Randal, presto homenagem a todos seres humanos que venceram a Covid-19. E reitero meus pêsames aos familiares e amigos das vítimas.
Chico Xavier: "A caridade é um exercício espiritual... Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma".
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