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Mundo Olímpico: O esporte brasileiro sofre com uma barreira psicológica

Seleção masculina de basquete sente a pressão e está fora dos Jogos

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São Paulo

A seleção brasileira masculina de basquete tinha uma tarefa difícil no Pré-Olímpico de Split, na Croácia. Afinal, teria pela frente rivais europeus tradicionais em busca de uma vaga em Tóquio. Mas qual não foi a boa surpresa quando a equipe do técnico Aleksandar Petrovic apresentou um jogo técnico, forte na defesa e certeiro no ataque, passando com facilidade por Tunísia (83 a 57) e Croácia (94 a 67), e atropelando o México nas semifinais (102 a 74).

Técnico croata Aleksandar Petrovic, da seleção brasileira masculina de basquete, com uma mão na cintura e a outra gesticulando à beira da quadra
O técnico croata Aleksandar Petrovic conseguiu fazer um bom trabalho na seleção masculina de basquete, mas o time não conseguiu passar pela Alemanha no Pré-Olímpico - 18.mai.21 - Divulgação/Fiba

Nesse ponto, a expectativa da dificuldade inicial parecia ter ficado para trás, mostrando que o Brasil tinha chances reais de se classificar, qualquer que fosse o rival na decisão.

Na final, porém, um grande fantasma apareceu: a barreira psicológica. Aquele time de jogo fluido e pontaria certeira não apareceu em quadra e os jogadores, nervosos, passaram a cometer muitas faltas, perdendo o controle das ações e sendo presa fácil para os alemães. No fim, derrota por 75 a 64 e o adeus à vaga olímpica.

Assim, a seleção masculina se juntou à feminina e às equipes de basquete 3 x 3 que deixaram o basquete nacional fora de Tóquio. É a primeira vez desde os Jogos de Montreal-1976 que o país não tem um representante na modalidade.

A seleção feminina também deixou a vaga escapar ao perder para Porto Rico por 91 a 89 no Pré-Olímpico. Nos dois casos, o Brasil tinha condições técnicas para garantir a presença nos Jogos, mas a pressão do momento decisivo criou uma muralha ao melhor desempenho da equipe, diminuindo a confiança dos atletas.

E não é uma questão de fazer caça às bruxas e apontar culpados. O problema aqui é a maneira como se encara as decisões no país: é ganhar ou ganhar. Quando a confiança não está enraizada no dia a dia, qualquer pressão a mais pode fazer a equipe desabar.

Um exemplo oposto foi demonstrado pela seleção masculina de vôlei na final da Liga das Nações, contra a Polônia. Por estar sempre nos primeiros lugares nos últimos anos, o grupo do técnico Renan Dal Zotto mostrou tanta força mental que desestabilizou os rivais e garantiu o título.

É por isso que um trabalho psicológico é tão necessário aos atletas. Em quadra, já mostramos mais de uma vez que temos condições técnicas de brigar pela vitória, mas a falta de confiança e de equilíbrio emocional torna isso impossível.

O basquete nacional terá mais um ciclo olímpico para quebrar essa barreira.

Claudinei Queiroz
Claudinei Queiroz

49 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduado em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Senac e tecnólogo em Gestão do Esporte pela Universidade São Marcos. E-mail: claudinei.queiroz@grupofolha.com.br

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