A festa dos trabalhadores deste 1º de Maio terá uma inédita união das centrais sindicais do país, que subirão ao palanque no vale do Anhangabaú (região central) a partir das 11h para anunciar a primeira greve geral do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no dia 14 de junho.
O movimento poderá levar Bolsonaro a ser o primeiro presidente desde a redemocratização a enfrentar uma grande paralisação ainda no início do mandato.
Os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, FHC e Michel Temer encararam greves gerais a partir do segundo ano de suas gestões.
O objetivo oficial da paralisação é protestar contra a reforma da Previdência.
Entre as mudanças propostas pelo governo está a criação de idades mínimas de aposentadoria de 62 e 65 anos, para mulheres e homens, respectivamente.
Mas são as posições de Bolsonaro em relação ao movimento sindical que deram a liga para unir as centrais, avalia o professor de direito e especialista em relações sindicais Ricardo Calcini.
“O ato das centrais não pode ser encarado apenas como um combate à reforma, que tecnicamente é uma proposta e poderá ser modificada pelo Congresso”, diz. “Há uma questão política, fortalecida pela polarização entre direita e esquerda.”
Um sinal do distanciamento entre governo e sindicatos é a própria elaboração da reforma sem que houvesse negociação com as centrais. “Foi uma provocação”, diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, da Força Sindical.
Sem sorteios de carros, festa mantém shows
A festa do Dia do Trabalhador não contará neste ano com sorteios de automóveis zero-quilômetro, que se tornaram marca das comemorações organizadas pela Força Sindical.
A central participará em São Paulo do ato unificado no vale do Anhangabaú (região central) com as demais organizações sindicais: CUT, CTB, Intersindical, CSP-Conlutas, Nova Central, CGTB, CSB e UGT.
O evento deste 1º de maio, porém, manterá a programação musical, prevista para ter início a partir das 14h, com shows de artistas famosos, como as cantoras Leci Brandão, Roberta Miranda e Ludmilla, que encerrará a festa, por volta das 20h.
Marília Cecília e Rodolfo, Guilherme e Santiago, Felipe Araújo, Yasmin Santos, Toninho Geraes, Dj Evelyn Cristina e Mistura Popular também tiveram suas presenças confirmadas no evento.
A organização de uma festa única em São Paulo, sem sorteios de veículos e com uma programação de shows reduzida, também é apontada com um dos reflexos de medidas que, nos últimos anos, limitaram a arrecadação dos sindicatos.
Destacam-se entre essas medidas, a reforma trabalhista, da gestão Michel Temer, e a proibição de Jair Bolsonaro aos descontos da contribuição sindical em folha.
Embora integrantes de sindicatos afirmem que essas são situações que favoreceram a unificação do movimento sindical, as centrais sindicais atribuem ao avanço da reforma da Previdência a decisão de realizar atos unificados neste ano.
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