Centrais atacam mudanças da Previdência ao chamar greve geral

Lideranças explicaram propostas no palco, mas demora no início dos shows gerou vaias

São Paulo

A criação de um sistema de capitalização da Previdência , proposto na reforma enviada ao Congresso pela gestão Bolsonaro, foi um dos pontos mais criticados por lideranças de centrais sindicais neste 1° de maio em São Paulo. Pela primeira vez as centrais realizaram celebração unificada ao Dia do Trabalhador.

Comemoração do 1º de Maio foi unificada em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Os discursos dos sindicalistas no vale do Anhangabaú (região central) também apostaram no didatismo para explicar pontos impopulares da reforma e de outras medidas econômicas do governo Bolsonaro. As críticas precederam o anúncio da greve geral, prometida para 14 de junho

O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que a reforma entrega a previdência pública aos bancos. A referência de Freitas é à possibilidade aberta pela reforma de que instituições financeiras privadas administrem um futuro regime de capitalização.

“O governo quer entregar a Previdência para os grandes bancos”, disse Freitas.

Em um sistema de capitalização, o trabalhador contribui para um fundo que é responsável por aplicar os valores. Cada trabalhador se aposenta com renda exclusivamente calculada sobre o que ele conseguiu acumular. Já no sistema atual, a contribuição de todos os trabalhadores da ativa é que sustenta o pagamento das aposentadorias.

A reforma de Bolsonaro propõe a capitalização apenas para novos contribuintes e deixa aberta duas possibilidades de gestão dos fundos: pública ou privada.

O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro  (Índio), destacou que Bolsonaro também prejudicou os aposentados da ativa devido à mudança de cálculo do salário mínimo. Na proposta do governo para o Orçamento, foi retirada  a regra que garantia aumento do salário mínimo acima da inflação quando há crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

Líderes sindicais criticaram proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo - Danilo Verpa/Folhapress

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, comemorou a derrubada provisória pelo Supremo Tribunal Federal da regra, criada pela reforma trabalhista de Michel Temer, que permite o trabalho de gestantes e lactantes em locais insalubres. 

Embora não seja responsável pela reforma trabalhista, a gestão Bolsonaro aprova as mudanças realizadas por Temer, sendo o atual secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, o relator da reforma trabalhista do governo anterior.

Com discursos mais moderados e já no final do ato político, os presidentes da CSB, Antonio Neto, e da UGT, Ricardo Patah, foram vaiados pelo público que estava mais próximo ao palco.

Algumas das pessoas que vaiavam os líderes sindicais explicaram que a bronca não era com os dirigentes ou seus discursos, mas sim pela demora para o início das apresentações musicais.

O público começou a chegar antes das 10h e teve de esperar até por volta de 14h para ver seus ídolos de perto. “Quero ver os cantores”, reclamou o aposentado Antenor Souza, de 77 anos, espremido contra a cerca que separava o público do palco. “Vou esperar a Roberta Miranda”, disse.

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