Dois em cada dez brasileiros que saíram da lista dos inadimplentes nos últimos 12 meses estavam endividados após emprestar o nome para outras pessoas.
É o que mostra levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). O percentual dos que ficaram endividados por empréstimo do nome é de 24%.
A engenheira Thaís Marinho, 24 anos, de Embu das Artes (Grande SP), conhece bem a situação. Em novembro de 2017, ela fez um empréstimo bancário para ajudar a namorada a mobiliar a nova casa.
“Ela perdeu o emprego na mesma semana e optou por usar o dinheiro que tinha para pagar o aluguel. Eu fiquei desempregada três meses depois.”
A dívida em nome da namorada subiu de R$ 1.300 para R$ 4.000. “Mesmo com o fim do namoro, ela prometeu que pagaria os valores para limpar meu nome.”
Assim com o Thaís, 51% dos entrevistados cederam o nome com a intenção de ajudar alguém, enquanto 16% ficaram com vergonha de dizer não ao pedido.
Segundo a pesquisa, em 35% dos casos, o empréstimo foi feito por meio de cartão de crédito, 20% no cartão de loja, 17% em financiamentos e 14% para fazer empréstimos variados.
“Quem pede o nome emprestado é porque não tem crédito ou está com a vida financeira desorganizada, então o risco de não receber o valor gasto é alto”, avalia o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.
“Não se deve ceder ao pedido sem antes refletir sobre as consequências dessa decisão. Do ponto de vista legal, quem emprestou o nome é sempre o responsável pela dívida feita”, alerta.
Para Vignoli, ninguém deve se sentir culpado por dizer não nestes casos. “Há formas de negar o pedido. Primeiro, você não precisa responder imediatamente. Geralmente, as pessoas são pegas de surpresa e não têm tempo para refletir. Diga que vai consultar o marido, a mulher ou a família”, ensina o educador.
Pesquisa | Endividamento
- Dois entre dez brasileiros que saíram do endividamento nos últimos 12 meses estavam devendo por ter emprestado o nome a terceiros
- O estudo, do SPC Brasil e da câmara dos lojistas, mostra que a maioria quer ajudar quem precisa e muitos têm vergonha de dizer não
Quem pediu:
Amigos | 27% |
Pais | 14% |
Filhos | 14% |
Cônjuges | 13% |
Colegas de trabalho | 12% |
Por que emprestou:
Intenção de ajudar |
51% |
Vergonha de dizer não |
16% |
O que foi comprado:
Produtos eletrônicos | 22% |
Eletrodomésticos | 19% |
Materiais de construção | 11% |
Móveis para casa |
10% |
A pesquisa aponta que 32% dos entrevistados não sabiam o que seria adquirido com a compra feita em seu nome
Como se deu o empréstimo do nome:
Por cartão de crédito | 35% |
Cartão de loja | 20% |
Financiamento | 17% |
Empréstimos em geral | 14% |
Cobrança e pagamento:
30% não cobraram a dívida
68% cobraram a dívida, mas não foram ressarcidos
Destes: 48% ouviram que a pessoa não teria dinheiro para pagar 38% ouviram que a dívida seria paga quando tivesse condições 12% conseguiram receber o valor integral Em 8% dos casos, a pessoa sumiu sem dar satisfações
Relações pessoais
- A dívida abalou o relacionamento de 94%
- A amizade acabou em 32% dos casos
Saída da inadimplência
90% arcaram com o valor do empréstimo de terceiros e mudaram algum hábito, como:
- 37% Economizar e cortar gastos no orçamento
- 23% Fazer um bico
- 23% Contrair um empréstimo ou pedir dinheiro emprestado a terceiros
Recomendações
- 1. Nunca empreste ou peça o nome emprestado, mesmo que seja para algum parente ou amigo íntimo
- 2. Não se sinta culpado por negar o pedido
- 3. Se for alguém muito próximo, analise o pedido com calma e envolva a família na decisão4. Verifique se o motivo do empréstimo é supérfluo
Fontes: CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e SPC (Serviço de Proteção ao Crédito Brasil)
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