Vigilantes armados ou desarmados, transportadores de valores, guardas-civis municipais, eletricitários, mineradores e trabalhadores expostos a materiais explosivos e armamento terão suas aposentadorias antecipadas após a reforma da Previdência.
As atividades com risco à vida serão incluídas nas novas regras de aposentadoria especial por meio de um projeto de lei complementar do governo apresentado nesta terça-feira (5) pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), que assina a proposta.
Para ter acesso às regras especiais o trabalhador precisará comprovar a exposição ao risco por meio de formulário eletrônico a ser encaminhado pelo empregador para a Previdência.
O enquadramento no benefício, portanto, não ocorrerá pela profissão anotada na carteira profissional. Em vez disso, será pela existência permanente de perigo no exercício do trabalho.
O projeto que trata da periculosidade fez parte de um acordo que garantiu a aprovação da reforma da Previdência em segundo turno.
O texto principal da reforma permite apenas a aposentadoria com critérios especiais para trabalhadores expostos a agentes químicos, físicos e biológicos com potencial de dano à saúde, o que é chamado de insalubridade.
O complemento que inclui a periculosidade também regulamenta a aposentadoria especial para trabalhadores autônomos expostos a atividades de risco e que realizam contribuições individuais obrigatórias à Previdência.
"Essa regulamentação permitirá que o contribuinte individual tenha acesso à regra especial de aposentadoria no INSS", explica Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário). "Atualmente, esses trabalhadores precisam ir à Justiça para conseguir o benefício", diz.
Para a especialista, o texto apresentado pelo governo traz avanços para trabalhadores, quando comparado ao conteúdo original da PEC (proposta de emenda às Constituição) que altera as regras previdenciárias.
Adriane ainda destaca que a nova redação da lei complementar ampliou as possibilidades de enquadramento por periculosidade como, por exemplo, com a inclusão no texto de profissionais que realizam atividades de segurança desarmados.
No caso dos guardas municipais, a proposta atende especificamente os casos em que os profissionais contribuem para a Previdência Social. Os regimes previdenciários próprios não estão incluídos na reforma.
O senador Paulo Paim (PT-RS), que defendeu o destaque que retirou da PEC o veto ao enquadramento por periculosidade na aposentadoria especial, informou que estuda ajustes no projeto.
A expectativa inicial era de que a proposta fosse votada nesta quarta-feira (6) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e no Plenário, mas, segundo Braga, não haverá tempo para isso. O senador afirma, porém, que a tramitação é urgente.
Novas regras
Com a reforma da Previdência, as aposentadorias especiais ainda serão concedidas, mas os trabalhadores precisarão de idade mínima de 55, 58 ou 60 anos, variando de acordo com a gravidade do setor.
Na regra de transição, além do tempo mínimo de contribuição, os segurados precisarão ter, na soma com a idade, 66, 76 e 86 pontos, respectivamente. A regra de pontos não tem idade mínima, mas vai obrigar esses trabalhadores a ficarem na ativa por mais tempo.
Entenda as diferenças entre periculosidade e insalubridade
Periculosidade
A atividade expõe o trabalhador ao risco de morrer
Exemplos de setores de classificação perigosa
- Eletricitários
- Fabricação de produtos incendiários, tóxicos ou explosivos
- Operações industriais com poeiras tóxicas de carvão, cimento e amianto
- Furação, corte e carregamento em subsolo
- Atividade de caça e pesca
- Escavação de poços, túneis e galerias
- Vigilantes e guardas armados ou não
Insalubridade
A atividade prejudica a saúde do trabalhador
Exemplos de trabalhos de classificação insalubre
- Operadores de raio-X
- Operadores de britadeiras
- Trabalhadores da indústria química
- Médicos, dentistas, profissionais da enfermagem
- Operários de construção e reparos navais
- Pintores de pistola
- Operadores de câmaras frigoríficas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.