Com coronavírus, centrais sindicais farão celebração do Dia do Trabalho pela internet

Desde 2018, sindicatos realizam ato unificado no 1º de Maio; com pandemia, evento será em formato de live

São Paulo

A pandemia do coronavírus afetará as comemorações pelo Dia do Trabalho, celebrado em 1º de Maio. No país, as centrais sindicais decidiram que as manifestações estão mantidas, incluindo os tradicionais shows, mas tudo será a distância, transmitido pela internet.

Os sindicatos vão adotar o formato de live, que tem se tornado comum nas últimas semanas. A exemplo do que fazem artistas, as centrais vão transmitir, a partir das 10h do dia 1º, uma programação de apresentações, intercaladas com discursos de líderes sindicais, na "Live do Trabalhador".

A agenda de shows ainda não foi definida e deve começar a ser divulgada a partir desta quinta-feira (23). Em nota, o sindicatos disseram que respeitam a determinação de isolamento social, indispensável para conter o avanço do coronavírus.

"O Dia do Trabalhador é, para as centrais, data de reflexão e de luta pela democracia, pelo direito de a classe trabalhadora ter um movimento sindical organizado, ouvido e respeitado", diz a nota.

Os sindicatos elegeram o tema saúde como um dos que serão abordados neste ano. O mote das manifestações de 2020 é “Saúde, Emprego, Renda: um novo mundo é possível com solidariedade”.

Evento reunia multidões

Anualmente, a festa das centrais sindicais levava uma multidão aos shows em diversos pontos da capital paulista. Um dos maiores eventos era da Força Sindical, na zona norte, que costumava distribuir cupons e fazer sorteios de carros zero-quilômetro.

Já CUT (Central Única dos Trabalhadores) realizava o evento no vale do Anhangabaú, onde também atraía milhares de trabalhadores. Em 2018, os atos perderam um pouco de força na cidade de São Paulo após a prisão do ex-presidente Lula.

Levado para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), em abril, a decisão do juiz Sergio Moro fez com que os sindicatos se dividissem em dois atos: um em São Paulo e um em Curitiba.

Na ocasião, as festas foram mantidas separadamente na capital paulista. Alguns dos líderes sindicais fizeram discursos pela manhã ou logo após o almoço e, em seguida, voaram para a capital paranaense.

Na época, a reforma trabalhista aprovada em 2017 pelo governo de Michel Temer movimentava os sindicatos, que temiam o fim dos grandes eventos com a derrubada da contribuição sindical obrigatória.

No ano passado, após a eleição de Jair Bolsonaro, as centrais decidiram unificar os atos e fizeram apenas um evento, no vale do Anhangabaú, contra a reforma da Previdência do ministro Paulo Guedes (Economia), apresentada ao Congresso em fevereiro de 2019.

A reforma definia idade mínima de 65 anos para homens e mulheres na aposentadoria. Após meses de negociações e liberação de milhões em verbas a deputados e senadores, a medida foi aprovada em outubro, com idades mínimas distintas para homens e mulheres: 65 anos, para eles, e 62 anos, para elas. A reforma passou a valer em 13 de novembro de 2019.

Pandemia afeta Dia do Trabalho | Trabalhadores vivenciam mudanças

  • As centrais sindicais farão a "Live do Trabalhador" em celebração ao 1º de Maio
  • O motivo da transmissão a distância é a pandemia de coronavírus
  • Os movimentos sociais defendem o isolamento social e, por isso, neste ano, acrescentaram o tema da saúde às manifestações

Principais desafios

Reformas modificam leis trabalhistas

  • Mesmo com protestos por anos seguidos, duas grandes reformas afetaram diretamente a vida dos trabalhadores
  • A primeira dela foi a trabalhista, que instituiu uma nova CLT; essa reforma acabou com a contribuição sindical obrigatório, instituiu a possibilidade de os acordos valerem mais do que a lei e dificultou o acesso à Justiça Trabalhista gratuita
  • A segunda reforma foi a da Previdência, que, além de instituir idade mínima de 65 e 62 anos para homens e mulheres, respectivamente, modificou as regras de cálculo da aposentadoria e limitou a pensão por morte, entre outras mudanças
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