Metroviários podem parar na semana que vem

Categoria terá audiência com TRT na segunda-feira e assembleia para decidir sobre paralisação

Fábio Munhoz
São Paulo

Os funcionários das linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata do metrô de São Paulo prometem iniciar uma greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira (28). A categoria acusa a empresa estatal de retirar direitos dos trabalhadores durante a pandemia de Covid-19 e reivindica a prorrogação do atual acordo coletivo, que expirou no fim de abril.

A decisão final a respeito da paralisação será tomada na próxima segunda-feira, após uma audiência entre o Sindicato dos Metroviários e a empresa, que será realizada virtualmente pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho). Uma assembleia da categoria será realizada às 19h, também pela internet.
Caso a paralisação ocorra, de fato, as linhas 4-amarela e 5-lilás não serão afetadas, já que são concedidas à iniciativa privada e possuem acordos coletivos separados.

"Se entrarmos em greve, não será por aumento salarial, e sim pela manutenção dos direitos de uma categoria que não parou de trabalhar durante a pandemia", afirma Camila Lisboa, diretora do sindicato.

Na última quinta-feira (23), os metroviários receberam um comunicado do Metrô informando sobre um corte de nos salários nominais e nas gratificações de função referentes ao mês de julho. A redução anunciada foi de 10%.

De acordo com Wagner Fajardo, também diretor do sindicato, a companhia planeja reduzir o adicional noturno de 50% para 20% e a hora extra de 100% para 50%. Os sindicalistas informam também que a empresa sinalizou a intenção de aumentar o valor da participação dos trabalhadores no plano de saúde.

O sindicato também critica os altos salários praticados no Metrô. Segundo a entidade, mais de 300 funcionários da empresa recebem um salário acima do que é pago ao governador João Doria (PSDB), que é de R$ 23 mil. Alguns chegam a ganhar R$ 40 mil. "A maioria da categoria trabalha em funções que recebem entre R$ 2,5 mil e R$ 6 mil", afirma Lisboa.

Outra reivindicação da categoria é para que o governo do estado passe a subsidiar o funcionamento do Metrô, o que, segundo os sindicalistas, melhoraria a situação financeira da companhia e possibilitaria a redução no preço da passagem.

Catracas liberadas

Fajardo afirmou que propôs ao governo do estado e à Justiça para que, em vez da paralisação, a categoria funcione na terça-feira sem cobrar tarifa dos passageiros. A proposta, entretanto, foi rejeitada.

Resposta

O Metrô respondeu neste sábado (25) que precisou fazer ajustes para suportar os prejuízos provocados pela pandemia do novo coronavírus, mas, após quatro meses de arrecadação reduzida, só há dinheiro em caixa para pagar 90% dos salários de julho. Veja a resposta completa:

A crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus é sem precedentes em nossa geração. O reflexo no transporte é enorme, pois transportamos cerca de 35% da demanda normal de passageiros e o Metrô mantém a oferta de trens em até 100% da frota, pois não temos uma crise no setor de transportes e sim uma crise na saúde pública.

Nossa missão é transportar e proteger os cidadãos que precisam de nós para ir ao trabalho.
Diversas medidas de redução de despesas foram realizadas, como a renegociação e suspensão de novos contratos, adoção de home office definitivo em setores onde é possível, entregando prédios alugados, concedemos estações a iniciativa privada reduzindo despesas de mais de 30 milhões ao ano e buscando receitas não tarifárias, nossos shopping e lojas de estações reduziram drasticamente a receita não tarifárias pelos seus fechamento.

Como consequência da baixa arrecadação por um longo período, mesmo o Metrô cumprindo com os salários e benefícios de todos os trabalhadores nestes 4 meses, sem haver uma única demissão, realizando toda a operação sem nenhum aporte externo, a empresa somente possui em caixa o suficiente para pagar 90% dos salários de julho dos funcionários, sendo que o restante será pago no decorrer de agosto de acordo com a entrada de novas receitas.

Todas as empresas no Brasil passam por dificuldades neste momento, mantivemos todos os empregos como muitos não conseguiram, mas o nosso papel de transportar e proteger, em combate ao coronavírus, torna a nossa realidade de sobrevivência muito mais desafiadora.

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