Descrição de chapéu Análise

Gugu protagonizou guerra de audiência com Faustão aos domingos

Batalha entre Domingo Legal e Domingão culminou no episódio do sushi erótico

São Paulo

O embate dos domingos entre Gugu e Faustão é outro clássico dos anos 1990. Apoiado naquela ideia de “campeão da vice-liderança”, o SBT batia bumbo para avisar que ameaçava e muitas vezes batia a Globo em audiência em São Paulo.

O ex-apresentador do Domingo Legal teve a morte confirmada na sexta-feira (22), nos EUA, após um acidente doméstico.

Em 2003, Gugu e Faustão apareceram juntos, ao vivo, em uma ação de marketing de uma empresa - TV Globo/Reprodução

Os diretores se engalfinhavam na mídia (jornais e revistas). Ainda não havia rede social, e fomos poupados de atritos mais diretos.

“Ele disse que conhece televisão. Conhece, sim, das Casas Bahia”, dizia Roberto Manzoni, vulgo Magrão, diretor de Gugu, sobre Alberto Luchetti, então diretor do Domingão.

Toda semana, os dois se estapeavam por atrações que na época podiam alavancar um programa e derrubar a concorrência, como É o Tchan e as duplas sertanejas de maior sucesso na época: Chitãozinho & Xororó,  Zezé Di Camargo & Luciano e Leandro & Leonardo. Quem estivesse agendado para ir ao SBT não podia nem pensar em ir à Globo nas semanas anteriores, e vice-versa, ou seria punido com uma “geladeira”.

Profissionais das duas emissoras passavam a jornalistas dados do relatório minuto a minuto do Ibope, deixando claro quem levantava e quem derrubava os números de cada programa.

Toda segunda era dia de encontrar nos jornais quem havia batido quem. Os números eram estratosféricos para o SBT, e mesmo para a Globo, ultrapassando a casa dos 20 e, às vezes, dos 30 pontos, para cada lado. Hoje, o Domingão oscila entre 18 e 20, e o SBT, com Celso Portiolli, mal chega aos 8 pontos.

A busca desesperada por audiência provocou exageros dos dois lados, com a exploração de portadores de deficiências como anões e o ET (parceiro de Rodolfo), no Domingo Legal, e do rapaz que ficou conhecido como Latininho, no Domingão, que nessa época ainda levou ao ar o sushi erótico, atração que trazia uma mulher nua sobre uma mesa, coberta de iguarias da culinária japonesa, degustadas por três homens (Márcio Garcia, Oscar Magrini e Matheus Rocha). 

A essa altura, a direção já não era de Luchetti, mas de Carlos Manga, conhecido diretor da pornochanchada.

A Globo apanhou mais da imprensa e provocou reações mais indignadas do que o SBT com casos parecidos, mas isso fez com que o próprio SBT puxasse o freio sobre o sensacionalismo.

A entrevista com falsos integrantes do PCC, em 2003, foi marcante na carreira de Gugu e pode ter sido o auge das ações de desespero, mas o fato é que o apresentador só deixou o SBT seis anos depois. De todo modo, o caso acabaria por arrefecer a guerra, deixando gosto de ressaca para as tardes de domingo.

Cristina Padiglione
Cristina Padiglione
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