Covas promete tapar 540 mil buracos até o final de 2020

Zeladoria urbana vira prioridade em novo plano de metas da prefeitura

O novo plano de metas da Prefeitura de São Paulo, apresentado na última segunda-feira (8), estabelece ações de zeladoria como prioridade da gestão Bruno Covas (PSDB). Entre os objetivos listados no programa, estão o conserto de 540 mil buracos de rua e a intensificação dos serviços de limpeza e capinação na cidade.

De todo o orçamento para o biênio 2019/2020, pelo menos R$ 5,1 bilhões serão destinados à limpeza e manutenção do espaço público _o valor corresponde a um terço do orçamento total da prefeitura (R$ 15 bilhões) e é cerca de sete vezes superior aos investimentos em novos equipamentos de educação e saúde (R$ 747 milhões).

Para concluir a meta de operação tapa-buraco até o fim da gestão, em dezembro de 2020, a prefeitura terá que cobrir uma média de 800 buracos por dia. O atual ritmo é bastante inferior. Durante o primeiro trimestre do ano, a média foi de 300 buracos por dia.

Na avaliação no professor João Virgílio Merighi, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo, doutor em tecnologia de asfaltamento pela USP, a meta de cobrir 540 mil buracos até 2020 é “irreal”.

“Uma equipe consegue tapar em média 16 buracos por dia. Levando isso em conta conta, seriam necessárias 46 equipes trabalhando na cidade todos os dias”, disse.

O especialista considera incompatível uma cobertura tão rápida com um serviço de boa qualidade. “Se conseguirem tapar 800 buracos por dia, 700 deles vão abrir de novo em pouco tempo”. 

Merighi diz que além de fazer o serviço às pressas, a prefeitura utiliza massa de má qualidade. “Não adianta tapar um buraco se daqui um mês ele vai abrir de novo, antes mesmo de trocar a gestão. Se o serviço fosse bem feito, duraria no mínimo cinco anos”, explicou.

O secretário de Subprefeituras de Covas, Alexandre Modonezi, disse na semana passada que a prefeitura deve zerar os protocolos pendentes de tapa-buracos no 156 até o dia 13 de maio. Ao todo, 38 mil pedidos em aberto no canal foram mapeados pela prefeitura.

Para levar a promessa a cabo, será preciso fazer 950 reparos por dia _meta superior à anunciada por Covas para o restante da gestão.

Na ocasião, o prefeito anunciou que o orçamento para serviços de zeladoria, como tapa buracos e limpeza de córregos, foi triplicado em relação a 2018, passando de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão.

Creches

Também foi anunciada a abertura de 35 mil novas vagas em creches municipais. O número é compatível com a meta anunciada anteriormente por João Doria (PSDB), de abertura de 85 mil novas vagas até o fim da gestão, em 2020 _em 2017 e 2018, foram criadas 50 mil vagas.

Ainda que a abertura de 35 mil novas vagas em creches atenda às metas da prefeitura, o professor de Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC) Salomão Ximenes, questiona a expansão da rede por meio de convênios. Para ele, crescimento em quantidade não significa melhora na qualidade do serviço prestado.

“Nos últimos anos, houve estabilidade e até piora no número de alunos por turma. Isso é algo que me preocupa”, disse o professor, ressaltando também a deficiência estrutural da rede conveniada. Atualmente, mais da metade das creches de São Paulo tem prédios e gestão terceirizados.

“Esperávamos uma expansão da rede própria da prefeitura, como estabelece o plano de educação do município”, disse ainda.

O programa da prefeitura estabelece ainda a retomada nas obras de 12 CEUs (Centro Educacional Unificado), que deverão ser entregues até o fim de 2020. As unidades começaram a ser construídas durante a gestão Haddad, e têm em média um terço das obras executadas, mas algumas delas ainda estão em estágio inicial.

Covas também deverá entregar novos equipamentos de saúde até o fim de seu mandato. O novo programa de metas prevê a construção de 12 UPAs (Unidade de Pronto Atendimento), 2 UBSs (Unidade Básica de Saúde) e um hospital na Brasilândia (zona norte).

O hospital de Parelheiros (zona sul) também terá a obra concluída _a unidade ainda não estava pronta quando foi inaugurada, em março de 2018, a nove dias do então prefeito João Doria deixar o cargo para concorrer ao governo estadual. Até hoje o local funciona apenas como pronto-socorro.

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, sob gestão Bruno Covas (PSDB), disse por meio de nota que a cidade conta com 80 equipes de tapa-buraco que realizam o serviço diariamente. “Levando em conta que no biênio 2017/ 2018 a Prefeitura de São Paulo tapou 481.431 buracos, a meta de 540 mil será alcançada, já que haverá intensificação do serviço na cidade”, afirmou.

A Secretaria de Educação disse à reportagem que vai continuar trabalhando para a diminuição da fila nos CEIs (Centros de Educação Infantil) pala administração direta ou com novos convênios. “De novembro de 2017 a março deste ano foram 318 novas parcerias”, disse a pasta.

Em relação ao hospital da Brasilândia, está prevista para o segundo semestre a abertura do pronto-atendimento, pronto-socorro e Rede Hora Certa. As obras já estão com mais de 50% de execução, segundo a prefeitura.
 

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