Campanha de vacinação contra gripe chega ao fim longe de meta

Último balanço aponta que 65% das pessoas do público-alvo foram vacinadas

São Paulo

A campanha nacional de vacinação contra a gripe chega nesta sexta-feira (31) ao seu último dia, ainda distante de atingir os 90% de cobertura, meta estabelecida pelo Ministério da Saúde.

A revisora de textos Luciana Mendonça, 40 anos, é hipertensa e só conseguiu tomar a vacina contra gripe em UBS do Tucuruvi depois de reclamar - Rubens Cavallari/Folhapress

No estado de São Paulo, até quarta-feira (29), apenas 65% do público-alvo, composto por crianças, gestantes, idosos, profissionais de saúde entre outros, haviam sido imunizados. Já na capital, a cobertura totalizava 69,7% até ontem.

A partir de segunda-feira (3), as doses remanescentes estarão disponíveis para o público geral nas Unidades Básicas de Saúde. No último balanço, ainda havia 5,7 milhões de vacinas disponíveis para a população paulista.

Segundo a diretora técnica de imunização da Secretaria de Estado da Saúde, Helena Sato, os grupos com menor adesão à campanha neste ano são crianças e grávidas, com cerca de 60%. Desde 2017, a cobertura vacinal para estes perfis não atinge a meta.

"Muitos pais e mães ainda duvidam do efeito da vacina", explica a médica. "Muita gente vê o filho pegando resfriado e acha que a vacinação não funciona, quando, na verdade, são doenças diferentes."

Ao mesmo tempo, muitas mulheres grávidas acreditam que a vacina pode provocar eleitos colaterais no bebê, diz a médica.

Segundo Helena, sem vacina, os dois grupos estão mais propensos ao agravamento da doença, em caso de contágio. "O risco de evoluir para uma pneumonia é muito maior", afirma.

Também preocupa a secretaria o grande número de profissionais da saúde que ainda não se imunizaram. Diferentemente das crianças e grávidas, a pasta não sabe explicar a baixa adesão do grupo, também em torno de 60%. 

No caso dos idosos, 75,5% deles estavam imunizados, segundo o último balanço da secretaria.

Dificuldade

Na reta final da campanha, nem todo mundo que tentou se vacinar conseguiu. Luciana Mendonça, 40 anos, teve o atendimento negado na quarta-feira (29), mesmo pertencendo ao grupo prioritário por ser hipertensa.

"Pediram para eu apresentar um atestado médico, mas não se marca uma consulta assim, de um dia para o outro, ainda mais pelo SUS. A próxima data é só no dia 3 de junho", disse a revisora de textos.

Foi a primeira vez que Luciana teve esse tipo de problema. Na UBS Vila Nivi, no Tucuruvi, (zona norte), próxima de onde mora, foi informada que seu caso "não estava dentro do protocolo".

Saindo da UBS, ela fez uma reclamação na ouvidoria do município, e somente após o contato da reportagem com a Secretaria Municipal de Saúde conseguiu ser atendida, ontem. "Me ligaram do posto dizendo que podia ir lá. Já tinha perdido a esperança", disse.

Resposta

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, sob gestão Bruno Covas (PSDB), disse à reportagem que orientou a direção da UBS Vila Nivi a entrar em contato com a paciente Luciana Mendonça para que recebesse a vacina.

"A técnica de enfermagem foi orientada pela direção da UBS sobre o procedimento correto", disse o texto.

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