Tempo seco faz crescer procura por atendimento em hospital infantil

Com 20 dias sem chuva em São Paulo, aumentam os casos de problemas respiratórios em crianças

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São Paulo

O tempo seco registrado na capital nas últimas semanas tem feito com que pais levem seus filhos a hospitais. No Pronto-Socorro do Hospital Municipal Menino de Jesus (centro), cerca de 20 crianças esperavam atendimento às 11h desta segunda (24), quando a umidade do ar chegou a 35%. 

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), abaixo de 60% é considerada nociva à saúde.

O pediatra Sulim Abramovici, coordenador do PS, diz que no inverno o movimento na unidade aumenta em torno de 30%.

“Essa é a estação do ano em que mais há ocorrências de problemas respiratórios como bronquite, pneumonia, virose e gripe. Isso acontece devido a maior aglomeração de vírus e bactérias que existe no inverno”, diz. 

Abramovici explica que o tempo seco do inverno diminui a umidade do ar que, por consequência, diminui a hidratação do pulmão e da garganta. Isso prejudica os mecanismos de defesa do corpo o que faz com que as pessoas, principalmente as crianças, tenham dificuldade em eliminar as partículas de poluição e os vírus que entram no organismo por meio das vias respiratórias. 

As gêmeas Estela e Amanda, de quatro anos, sofrem com bronquite e asma desde que nasceram. “Todos os anos é a mesma situação, começa o inverno e elas começam a tossir, a ficar com febre e a ter dificuldade para respirar. Eu costumo congelar uma toalha e manter a janela do quarto aberta, mas sempre tenho que trazê-las ao hospital”, comenta a mão Karen Cristina, de 23 anos. 

O mesmo aconteceu com Edygar, de 1 ano e 10 meses. Há 15 dias ele apresenta febre e sintomas de gripe, nesta segunda-feira (24), no entanto, foi diagnosticado com broncopneumonia. Sua mãe Vitória Melo, de 36 anos, comenta que na escola do filho “todas as crianças também estão doentes”. 

Apesar de recomendar que sejam evitadas aglomerações de pessoas para prevenir doenças, o pediatra Sulim Abramovici reforça que, enquanto saudáveis, as crianças devem continuar frequentando escolas e creches normalmente. 

Na segunda-feira, Isabela dos Santos, de sete anos, também passou a manhã no hospital. Segundo sua mãe Marinalva dos Santos, de 40 anos, esta foi a gripe mais forte que sua filha já teve. “Todo inverno ela fica um pouco resfriada, mas é muito raro termos que levá-la ao Hospital, essa foi uma das poucas vezes em que isso aconteceu.”

Seca de 20 dias

Já não chove na cidade de São Paulo há 20 dias, desde o último 6 de junho, segundo dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas). A baixa umidade era esperada pelo centro, o mês de junho costuma apresentar em média 22 dias sem chuva. 

O meteorologista Michael Pantera explica que este bloqueio atmosférico acontece devido a uma massa de ar seco que predomina no interior do país durante a estação. Essa massa impede que as frentes frias cheguem com força em São Paulo e, no inverno, são essas frentes que causam as chuvas. 

Em 2012, a cidade registrou recorde de 62 dias consecutivos sem chover - de 19 de julho a 18 de setembro. Neste ano, a mudança no clima deve acontecer na próxima quarta-feira (26), com a passagem de uma frente fria pelo litoral. “Não vai ser muito forte, mas pode causar um pouco de chuva em São Paulo, principalmente durante à noite.” 

A expectativa para os próximos meses é um inverno seco e pouco rigoroso, com algumas ondas de frio. 

Além de problemas respiratórios, o tempo seco também pode aumentar as queimadas e incêndios.
 

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