Mães de crianças e jovens com deficiência intelectual estão apreensivas com um possível corte de quase 50% no repasse de verbas por parte da Secretaria Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social à Instituição Beneficente Nosso Lar, especializada neste tipo de atendimento, na região da Aclimação (região central).
Desde janeiro, quando foi assinado o convênio, a instituição recebe R$ 47 mil mensais, em contrato por cinco anos. Uma notificação de gestão Bruno Covas (PSDB), contudo, afirmou que esse valor cairia para R$ 26,9 mil mensais já a partir de outubro, conforme apurou a reportagem.
Com a redução, a instituição vai deixar de atender ao menos metade dos 80 beneficiários atuais, segundo informado aos pais.
Os recursos públicos representam 39% do montante arrecadado pela Nosso Lar, que vai de R$ 70 mil a R$ 80 mil mensais.
Por conta do corte, sete profissionais, entre eles um psicólogo, já teriam sido dispensados, de acordo com uma uma mãe.
"Esse respaldo do psicólogo é muito importante para nós", diz Carla Simone Padula, 57 anos, mãe de Pedro Padula Mendes, 22, que tem microcefalia, considerada de moderada a grave.
"Nossa luta é para que não se acabe instituições como a Nosso Lar. Lá, ensinam nossos filhos a serem mais independentes. Afinal, como vai ser a vida dessas pessoas depois sem os pais?", questiona Carla.
Paulo Rogério Medeiros, de 10 anos, tem síndromes de Down e de West --esta última, uma forma de epilepsia-- e, devido a isso, não fala e nem anda.
"Ele está no Nosso Lar desde os dez meses. É o 'mascotinho' da turma. Eles [da instituição] conseguiram com que ele tirasse a fralda", afirma a professora Estefânia Fernandes Medeiros, 41, mãe de Paulo. Ela também manifestou sua apreensão com o possível corte no número de vagas.
"Muitas instituições não nos recebem. Se perder esse apoio, não vamos ter a quem recorrer", afirmou.
Resposta
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, gestão Bruno Covas (PSDB), afirma que não haverá corte no número de crianças atendidas pela "Nosso Lar", mas, sim, "readequações contratuais" referentes ”ao número de vagas ociosas; isto é, pagas pelo município, mas não ocupadas pela população".
Segundo a pasta, a medida vai melhorar "a eficiência dos gastos públicos", sem prejudicar o atendimento das crianças.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.