A osteoporose costuma aparecer somente depois dos 50 anos e, principalmente, em mulheres. Mas os cuidados para evitar a doença devem começar já na infância, com muito exercício físico e consumo de alimentos com cálcio para fortalecer os ossos.
“Sempre dizemos que a osteoporose é uma doença pediátrica com manifestação na senilidade [velhice]. Porque são os hábitos de vida saudáveis e o cuidado com a massa óssea, ao longo de toda vida, que podem evitar o desenvolvimento da doença e o seu desfecho, que é a fratura por fragilidade”, afirma a presidente da Comissão Especializada em Osteoporose da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologistas e Obstetras), Adriana Orcesi Pedro.
A osteoporose é caracterizada pela deterioração dos ossos. Segundo a Febrasgo, a descoberta da doença no estágio inicial é capaz de reduzir em 90% o risco de fratura das vértebras e em 54% nos outros ossos. Fraturas nas vértebras, pulsos, quadris, bacia, antebraço e parte inferior da perna são as mais comuns.
Embora mais frequentes em pessoas idosas, a osteoporose não é uma doença exclusiva de quem tem mais idade. “Há causas secundárias, como uso de cortisona e outras medicações, além das doenças autoimunes”, diz Alexandre Stivanin, ortopedista membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) e do Hospital Samaritano.
Stivanin lembra também que os cuidados com a pessoa que tem a doença devem ser redobrados. A qualidade do osso do paciente está mais frágil, então é necessário ter atenção a tapetes e chinelos, bem como colocar corrimão por onde se passa frequentemente.
Bebida e cigarro
Beber exageradamente e fumar são hábitos que colaboram para o surgimento de diversas doenças e, com a osteoporose, isso não é diferente. Para completar o quadro nocivo, o sedentarismo também está associado à fragilidade dos ossos.
Segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologistas e Obstetras), estimativas apontam que o número de fraturas relacionadas à osteoporose deve aumentar em 70% nos próximos 11 anos, até 2030. Os últimos dados, de 2017, apontam que cerca de 10 milhões de pessoas sofriam com a enfermidade no Brasil.
Entre mulheres, a entrada na menopausa também é um fator importante. "A partir do momento em que entra nessa fase, ela perde o efeito protetor do estrogênio [hormônio feminino], que mantém um bom equilíbrio entre a formação e a reabsorção do osso", diz a presidente da Comissão Especializada em Osteoporose da Febrasgo, Adriana Orcesi Pedro.
"A partir da menopausa, quando ela perde essa proteção do estrogênio, tem uma perda de massa óssea: a reabsorção acaba sendo maior que a formação. Isso faz com que os ossos fiquem mais frágeis e suscetíveis às fraturas por osteoporose", completa.
Após o diagnóstico confirmando a doença, a participação de familiares é fundamental para o tratamento do paciente. Não se deve, em hipótese alguma, isolar a pessoa das atividades em grupo. Também é muito importante incentivar a adesão aos procedimentos indicados pelo médico.
Teste
O site da IOF (International Osteoporosis Foundation) lançou neste mês, em português, um questionário de verificação de risco para osteoporose: http://riskcheck.iofbonehealth.org .
Saiba mais
A PARTIR DE QUANDO SURGE A DOENÇA?
Principalmente a partir dos 50 anos
MULHERES
É muito mais comum no sexo feminino. A partir dos 50, uma em cada três mulheres pode ser afetada pela doença. Aquelas que entram na menopausa precocemente também passam a ter um risco maior
O QUE FAZ SER MAIS COMUM EM MULHERES?
A partir da menopausa, perde o efeito protetor do estrogênio (hormônio feminino), que mantém um bom equilíbrio entre a formação e a reabsorção do osso
QUEM DEVE PROCURAR O MÉDICO
- Mulheres acima dos 50 anos
- Mulheres mais jovens, mas que entraram na menopausa precocemente ou tenham sofrido alguma fratura
- Todos os indivíduos (homens e mulheres) acima dos 60 anos
PREVENÇÃO SE DÁ POR HÁBITOS SAUDÁVEIS
- comer alimentos que trazem benefícios para a massa óssea, com adequação de cálcio, vitamina D e proteínas
- manter peso corporal saudável, ou seja, com IMC saudável (nos parâmetros da Organização Mundial de Saúde) e evitando a magreza excessiva (IMC inferior a 17).
- praticar atividade física de modo regular e progressiva
- evitar hábitos de consumo prejudiciais à massa óssea, principalmente de álcool e cigarro
- verificar o uso de medicações que podem trazer algum dano ao esqueleto
O QUE FAZER APÓS O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA
- Ingerir cálcio por meio da alimentação e se isso não for possível, por suplementação
- Estimular a vitamina D por exposição solar ou suplementação
- Praticar exercícios físicos que façam trabalho muscular (musculação, pilates, tai chi chuan), melhorem o equilíbrio e a amplitude articular
- Prevenir quedas em casa (evite tapetes, pisos escorregadios, pouca iluminação), pois 70% delas acontecem na residência
- Evitar hábitos de vida nocivos à massa óssea e o uso de medicação capaz de afetar equilíbrio e visão
COMO A FAMÍLIA PODE AJUDAR
- Rastrear ambiente doméstico para avaliar o risco de queda
- Promover modificações na casa para evitar essa possibilidade de acidente doméstico
- Conversar com o médico ajuda a entender o que há disponível para ajudar quem tem comprometimento físico e sensorial
- Estimular o uso de instrumentos, como bengala e andador, para se movimentar com maior segurança
- Modificar a alimentação, incluindo alimentos ricos em cálcio
- Submeter a pessoa à exposição solar moderada
- Verificar se o familiar aderiu ao tratamento contra a osteoporose, o que é um dos maiores desafios
- Motivar e incentivar o fortalecimento muscular por meio de exercícios indicados por um profissional treinado
- Conhecer os programas de saúde pública disponíveis
- Incluir a pessoa em ambientes sociais, sem deixá-la isolada
- Comprar calçados seguros, com salto confortável
MITO
“Osteoporose é doença de velho”
Isso não é verdade. Há causas secundárias, como uso de cortisona e outras medicações, além de doenças auto-imunes
180 mil
fraturas de fêmur, no Brasil, por ano
20%
das pessoas que sofrem uma fratura no quadril morrem no prazo de seis meses
Fontes: Adriana Orcesi Pedro, presidente da Comissão Especializada em Osteoporose da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologistas e Obstetras), Alexandre Stivanin, ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e do Hospital Samaritano
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