Fios e cabos soltos nos postes são problemas crônicos em São Paulo. Muitos deles, inclusive, pendurados ou espalhados pelas calçadas e ruas da cidade. Os pedestres, mais uma vez, são os mais prejudicados.
O Vigilante Agora encontrou essa situação em ao menos 30 locais das cinco regiões da capital visitados na última segunda-feira (7). Praticamente a mesma situação relatada em reportagem publicada em janeiro do ano passado.
Além do perigo dos fios que aparecem no caminho do passageiro que embarca de ônibus ou desce do carro, o emaranhado de cabos das inúmeras empresas de telecomunicações provoca poluição visual.
"São Paulo bate recorde em desorganização dos fios", diz o engenheiro Carlos Augusto Ramos Kirchner, 67 anos, diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo.
E o especialista na área vai além: "É uma cultura de décadas", afirma. Kirchner alerta para o risco de acidentes tanto para quem anda na rua quanto para quem executa o serviço. "Essa bagunça no poste dificulta o trabalho", aponta.
Fios pendurados na altura de uma pessoa de estatura média foram recorrentes nos endereços percorridos pela reportagem.
A pior situação, no entanto, está na avenida Prefeito Passos, no Glicério, região central, bem em frente ao imóvel desativado do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social).
Ali, uma prova do descaso das empresas responsáveis pela confusão de fios e cabos pendurados ou caídos sobre a calçada. Até tênis velho pendurado e postes tortos e amassados foram encontrados.
O que é comprovado pelo ambulante José Antônio dos Santos, 59 anos, que trabalha próximo há seis anos. "Faz tempo que está assim. Eu acho muito errado. Uma pessoa pode tropeçar no fio e morrer, mas ninguém faz nada", afirma.
Do outro lado da via, bem em frente à praça Nina Rodrigues, não está diferente. Um fio solto balança de um lado para outro.
Na rua São Paulo, em frente à praça e ao posto da Previdência Social, os fios soltos e baixos formam um varal em plena calçada. Diariamente, centenas de idosos caminham ali. Para o engenheiro, a única solução é arrancar tudo o que existe e não tem função no poste.
Enel diz que notificou empresas
A Enel Distribuição São Paulo disse que notificou as prestadoras de serviços de telecomunicações para regularizarem as fiações nos locais apontados pelo Vigilante Agora.
A distribuidora é quem fiscaliza a infraestrutura de seus postes e notifica as operadoras em situações irregulares, além das clandestinas. Não cumprido o prazo, ocorre o corte. Até o momento, cerca de 800 notificações foram emitidas para retirada de fiações clandestinas e/ou emergenciais.
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), disse que o programa SP Sem Fio prevê o enterramento de 65,2 quilômetros de redes aéreas e a retirada de 3.014 postes, o que beneficiará 170 vias. Das 13 áreas, quatro foram finalizadas ou estão em fase final.
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