Veículos com latarias enferrujadas, pneus vazios e com falta de peças podem ser vistos abandonados, aos montes, por várias ruas dos jardins João 23, São Jorge e Cambara, e do Parque Ipê, na região do Butantã (zona oeste da capital).
Muitos deles, inclusive, são convite a criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, principalmente com a temporada que se aproxima de chuvas de verão. Os veículos estão sem portas, vidros e com caçambas abertas que acumulam água parada e lixo.
Na extensa rua Frei Claude D`Alberville, no Jardim João 23, ao menos 24 carros abandonados ocupam os dois lados da via tortuosa e estreita de duas mãos.
A maioria dos veículos foi largada em frente ao prédio do CEU (Centro de Educação Unificado) Uirapuru, que tem a entrada principal pela rua Nazir Miguel, também com o problema. A Etec (Escola Técnica Estadual), com o mesmo nome, funciona neste espaço.
O abandono dos veículos preocupa o auxiliar administrativo e líder comunitário Claudio Freitas, 47 anos. “São muitos alunos que passam por aqui diariamente”, afirma. “Tem gente que costuma entrar nos carros”, conta ele.
Freitas diz que cobra há um ano e meio providências da prefeitura. “Todo mês, na reunião de zeladoria, a gente expõe o problema, sem solução. A resposta é sempre a mesma, de que vão contratar guinchos. E a quantidade de carros só aumenta pelas ruas do Butantã”, afirma.
Na rua Irmão Joaquim do Livramento, próxima do CEU, o aposentado José Manoel Souza, 70, convive há 20 dias com um furgão Renault Kangoo branco, estacionado em frente à sua casa. “Apareceu aí. Ninguém sabe de quem é”, afirma.
Na rua Tibúrcio de Assis Ribeiro, no Jardim São Jorge, uma picape Dodge está sob a calçada, impedindo a passagem do pedestre, ao lado do número 120. A caçamba está cheia de folhas secas. A caminhonete, inclusive, fica escondida em meio a uma árvore sem poda.
A aposentada Vera Lucia dos Santos, 65, moradora há 17 anos no Jardim João 23, diz que as crianças costumam brincar dentro das carcaças enferrujadas.
Ranking
No ranking das reclamações da população de veículos abandonados nas vias públicas da capital, pelo serviço 156 no último trimestre, a Subprefeitura do Butantã ficou em terceiro lugar.
A região fica atrás somente das subprefeituras Ipiranga (zona sul) e Penha (zona leste), primeiro e segundo lugares, respectivamente, entre julho e setembro passados. No geral, o aumento de denúncias de veículos abandonados foi de 9,1%.
O percentual de denúncias finalizadas até 30 de outubro, um mês após o fim do trimestre, registrou 23,1% (1 em 4 casos) no geral.
A Prefeitura de São Paulo aponta que foram recebidas 26.565 solicitações de remoções de veículos e carcaças abandonados em vias públicas neste ano pelo serviço 156, sendo que 38.458 delas tiveram alguma conclusão.
Multa
A multa para pessoa que abandonar veículos em vias públicas da capital é de R$ 16.003,53, segundo prevê a legislação de limpeza urbana do município.
Além disso, caberá ainda ao responsável que pretenda reaver o automóvel pagar pelo serviço de guincho para retirada do carro da via pública e as custas de estadia em pátio.
Os valores, no entanto, segundo a gestão, variam de acordo com o tipo de veículo, a distância do pátio da subprefeitura, o equipamento utilizado para o procedimento e o trabalho da equipe com a operação.
Também ficarão a cargo da pessoa o custo diário da estadia, valor calculado conforme o tipo de veículo.
Resposta
A Secretaria Municipal das Subprefeituras, gestão Bruno Covas (PSDB), diz em nota que os veículos das ruas apontados pelo Agora foram adesivados e aguardam os trâmites legais para que sejam feitas as remoções.
A pasta diz ainda que cinco guinchos foram contratados, por licitação, para o serviço de remoção.
Entre janeiro e setembro, 1.935 veículos foram recolhidos. Em todo o ano passado foram 1.100.
“Decreto regulamenta que, após a denúncia, é afixada notificação. Cinco dias úteis depois, sem providências, o veículo é considerado abandonado, removido e enviado ao pátio”, diz.
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