Crescem faltas a consultas no Hospital do Servidor Estadual

Pacientes da instituição, entretanto, reclamam da dificuldade de desmarcar a ida ao médico

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Mariangela Castro

No mês de novembro, 7.563 consultas deixaram de ser realizadas por causa das faltas de pacientes no HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual), na Vila Clementino (zona sul).

O número corresponde a 14% das consultas marcadas (54.314) e é 6% maior do que o registrado em outubro. 

De acordo com o HSPE, essas desistências, sem aviso dos pacientes, afetam diretamente quem está na fila do atendimento médico.

Na ortopedia, por exemplo, uma das especialidades mais procuradas, segundo o hospital, 578 consultas deixaram de ser feitas em novembro --12% dos atendimentos marcados.

 

Em comunicado em seu site, o hospital diz que se as vagas tivessem sido desmarcadas com antecedência, elas teriam ficado disponíveis a outros usuários. 

No entanto, nesta quarta-feira (11), pacientes que estavam no hospital afirmaram à reportagem que quando tentam desmarcar as consultas, ninguém atende no telefone disponibilizado. "Demorei semanas par conseguir falar com alguém", diz a professora Carla Lunati, 59 anos, que mora em Caraguatatuba (173 km de SP) e precisa sair de casa às 2 horas para chegar no hospital a tempo dos exames pela manhã.

Segundo ela, pacientes que não faltam, mas chegam atrasado, acabam perdendo a consulta e têm de agendar uma nova. 

Esse é o caso de uma paciente de 68 anos, que preferiu não ser identificada. Ela diz que duas vezes foi impedida de fazer exames porque atrasou mais de 15 minutos, o limite de tolerância.

"A gente sofre as consequências e tem que aguardar durante meses para conseguir uma nova vaga. Já os médicos podem atrasar o quanto quiserem e os pacientes têm de esperar", diz. 

A idosa afirma ter sido informada que a fila de espera para exames e consultas é de 90 dias. Para tentar um encaixe, ela diz que é necessário chegar por volta da 6h no centro de atendimento, que abre às 7h.

A aposentada Maria Conceição, 69 anos, paciente do hospital, afirma que a espera de 90 dias por uma consulta é muito grande.

Por isso, diz, algumas pessoas, desistem ou marcam outros compromissos na data, porque esquecem a consulta agendada. 

Segundo a idosa, a localização do hospital dificulta a chegada de pacientes de outras cidades. "As pessoas do interior não têm tanta facilidade para pegar ônibus ou andar nas ruas da capital, e por isso acontece de chegarem atrasadas e perderem a consulta."

Análise

Para o professor Mario Pascarelli Filho, coordenador do curso de gerente de cidade da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), quando um número elevado de pacientes falta nas consultas médicas, todo o planejamento de um hospital é prejudicado, principalmente no caso de instituições públicas, cuja fila de espera costuma ser em média de três meses.

"A demora no agendamento é prejudicial tanto para o hospital quanto para os pacientes, pois 90 dias é muito tempo, as pessoas acabam esquecendo da consulta", diz. 

Pascarelli também afirma que a melhor maneira de diminuir o número de faltas é ligando para os pacientes, no mínimo uma semana antes da consulta. 

"Muitas pessoas, principalmente os idosos, têm dificuldade de receber mensagens de celular, como costumam ser feitos os avisos das consultas", diz. "O custo das ligações é mais alto que o das as mensagens, mas é uma maneira mais efetiva de resolver o problema."

Para ele, além dos telefonemas, campanhas alertando sobre a importância de se comparecer às consultas agendadas também podem ajudar a diminuir as faltas dos pacientes.

Resposta

O Hospital do Servidor Público Estadual, da gestão João Doria (PSDB), afirma que o prazo de agendamento de retorno é de 90 dias, conforme critério médico, mas que a oferta de novas consultas é renovada diariamente.

A nota diz que o Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo) "está modernizando o sistema de agendamento para agilizar o reaproveitamento diário das vagas".

Segundo o instituto, 58% das pessoas que faltaram alegaram motivos pessoais. 

Tanto o agendamento quanto a desmarcação de consultas, afirma o Iamspe, podem ser feitos pela central telefônica, que recebe de 6.000 a 7.000 ligações por dia. "Não há qualquer penalidade em caso de falta", diz a nota.

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