Paraisópolis fará homenagem aos 9 mortos em baile neste sábado

Festa acontece hoje à noite na comunidade da zona sul; Doria diz que a polícia estará no local

São Paulo

Uma semana após a morte de nove pessoas durante uma ação da Polícia Militar na dispersão de um “pancadão” em Paraisópolis (zona sul), a comunidade organiza neste sábado e na madrugada de domingo (8) um baile funk em homenagem às vítimas.

Os jovens, com idades entre 14 e 23 anos, foram mortos supostamente pisoteados ao serem encurralados. 

 

Chamado de “O baile de homenagem aos 9 que se foram”, o cartaz do evento pede para que os participantes compareçam vestidos de branco como forma de simbolizar a paz. O horário do início do baile não foi informado. 

Já no domingo, na rua Ernest Renan, próximo ao local das mortes no fim de semana passado, ocorre um ato ecumênico a partir das 17h, também em homenagem aos mortos.

A Polícia Militar vai acompanhar o baile, segundo disse o governador João Doria (PSDB) nesta sexta-feira (6).

“A segurança continuará a ser feita na comunidade de Paraisópolis, como em todas as comunidades aqui da região metropolitana de São Paulo”, afirmou. 

O tucano disse que haverá mudanças nos procedimentos, além da revisão dos protocolos de ação da PM com multidões, porém, sem especificar quais serão estas alterações.

Na próxima segunda-feira (9), Doria deverá se reunir com parentes das vítimas, segundo acordo firmado na última quarta em reunião com as famílias.

Pânico 

No último dia 1º, policiais militares disseram ter sido alvo de tiros, disparados pelo garupa de uma moto, que não teria respeitado um bloqueio feito pela corporação próximo a Paraisópolis. A perseguição teria terminado no baile funck e tiros teriam provocado pânico.

Seis policiais militares foram afastados das ruas enquanto o caso é apurado pela Corregedoria da corporação. Outro PM também foi afastado, acusado de abuso de autoridade, quando agrediu em Paraisópolis jovens com uma barra, aparentemente de ferro, em 19 outubro deste ano. A violência foi registrada em vídeo.

Também no último domingo e durante outro baile funk, um morador de rua foi morto a tiros em Heliópolis (zona sul) pela Polícia Militar, que disse ter revidado a disparos.
Um vídeo gravado por celular mostrou frequentadores do baile encurralados em uma viela.

Polícia não seguiu manual de controle de distúrbios

Policiais que participaram da dispersão da multidão em Paraisópolis teriam descumprido ao menos um item do manual de controle de distúrbios civis, da Polícia Militar, ao qual a reportagem teve acesso.
Participantes do evento, conhecido como Baile Dz7, afirmam que a PM os encurralou em uma viela, onde as vítimas que morreram acabaram sendo supostamente pisoteadas.
Segundo o item 3.2.1 do manual da PM, policiais precisam assegurar “vias de fuga” para as pessoas. O documento da corporação dá indicações de conduta a policiais para que saibam lidar com aglomerações, multidões, manifestações e tumultos.
“Quanto mais caminhos de dispersão forem dados à multidão, mais rapidamente ela se dispersará. A multidão não deve ser pressionada contra obstáculos físicos ou outra tropa pois ocorrerá um confinamento de consequências violentas e indesejáveis”, diz trecho do documento, de 1997.

PM evitou uma tragédia maior, diz defesa

O advogado Fernando Fabiani Capano, defensor de seis policiais militares afastados das ruas por conta do incidente em Paraisópolis, afirmou que as nove mortes ocorridas no último dia 9 não tem relação, direta ou indireta, com a conduta dos PMs. Ele disse ainda que a ação dos policiais serviu para “evitar uma tragédia maior.” 

A PM afirmou que apura “todas as circunstâncias” relacionadas ao caso. 

O ouvidor das polícias (Civil e Militar), Benedito Mariano, afirmou que a ação dos policiais militares foi “improvisada e desastrosa”. (AH) 

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