Homem preso acusado de queimar morador de rua em SP pode ser inocente, afirmam testemunhas

Ouvidoria das polícias vai pedir que a investigação seja mantida "em aberto"

São Paulo

Duas testemunhas prestaram depoimento nesta semana na Ouvidoria das Polícias e afirmam que o acusado de matar um morador de rua queimado, no último dia 5 na região da Mooca (zona leste da capital paulista), pode não ser o homem preso pela polícia, três dias depois do crime

Segundo o ouvidor Benedito Mariano, ele vai encaminhar um ofício ao 18º DP (Alto da Mooca), que investiga o caso, para que a delegada titular do distrito tenha acesso ao teor dos depoimentos. "Para a Ouvidoria, os depoimentos [das testemunhas] contradizem o perfil do homem preso e indicam a necessidade de manter a investigação em aberto", afirmou Mariano ao Agora.

Ele acrescentou que "há contradições" que precisam ser detalhadamente apuradas. "Entendemos que o caso ainda não está solucionado." 

Suspeito de matar morador de rua queimado deixa delegacia na Mooca, zona leste de São Paulo - Alfredo Henrique/Folhapress

Mariano disse ainda que um homem prestou depoimento na Ouvidoria na segunda-feira (13) afirmando ter visto um homem branco, de barba e vestido de preto, próximo ao morador de rua Carlos Roberto Vieira da Silva, 39 anos, minutos antes de a vítima ser queimada. "O suspeito preso, no entanto, é negro e não usa barba", destacou o ouvidor. 

Nesta terça-feira (14), uma mulher foi à Ouvidoria, onde afirmou também, em depoimento, que conhecia tanto o morador de rua que morreu quanto o homem preso acusado de matar Silva.

A mulher salientou que os pés do suspeito são inchados, o que o impossibilitaria de correr, como é mostrado em um vídeo em que o assassino foge após atear fogo na vítima. 

Essa mesma versão foi afirmada ao Agora pelo advogado do suspeito, Márcio Araújo, no dia da prisão de seu cliente, na semana passada. 

Araújo entrou com pedido de liberdade, por meio de um habeas corpus, na última sexta-feira (10). O pedido foi negado nesta terça pelo desembargador Newton Neves, do Tribunal de Justiça de São Paulo. "Agora que estou ciente dos dois depoimentos, feitos na Ouvidoria, vou solicitar acesso a eles e pedir novamente a liberdade de meu cliente no Superior Tribunal de Justiça", afirmou. 

Na prisão

O advogado Márcio Araújo afirmou que seu cliente foi colocado em uma cela individual, na carceragem do 2º DP (Bom Retiro), a pedido de outros presos. O suspeito toma remédios para esquizofrenia, além de também tratar inchaço nos pés e mãos, disse o defensor. 

Em conversas com o seu cliente, o advogado disse que ele reitera sua inocência. "Tenho esperança de que ele saia da cadeia ainda nesta semana", afirmou. 

Resposta 

Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), o 18º DP (Alto da Mooca) “está à disposição” para ouvir as testemunhas que tiverem mais informações sobre o caso. 

A pasta acrescentou que um ofício da Ouvidoria das Polícias foi recebido e que “todas as informações serão checadas”. “Até o momento, no entanto, não há nenhuma alteração no resultado das investigações”, afirma trecho de nota.

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