Musicoterapia em casal alivia sinais do Alzheimer, diz estudo

Técnica proporciona melhora na qualidade de vida do paciente e da família

São Paulo

A música pode ser uma importante aliada no tratamento de diversas doenças. Quando se trata do Alzheimer, doença neurodegenerativa que não tem cura, a técnica ajuda a diminuir a velocidade de progressão e proporciona melhor qualidade de vida para o paciente e para a família.

Viva Bem - Musicoterapia Alzheimer 26.01
Musicoterapia em casal alivia sintomas do Alzheimer, - Arte Agora

Pesquisa desenvolvida pelo musicoterapeuta Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior analisa a relação afetiva entre paciente e cônjuge e as músicas que fazem parte da vida do casal.

Segundo o pesquisador, que é mestre em gerontologia pela USP (Universidade de São Paulo), canções que fizeram parte do repertório do casal trazem lembranças de situações vividas juntos, amenizam sintomas relacionados à doença e possibilitam mais qualidade de vida, especialmente quando o cuidador é o parceiro. 

“Nós tivemos a participação de quatro casais, sendo que um dos parceiros tinha a doença. Durante 12 semanas utilizei o repertório deles. Nós cantamos juntos, pesquisamos as músicas, as letras, falamos da época”, conta o musicoterapeuta.

“A qualidade dos relacionamentos sociais e familiares tem impacto na perda da cognição. Melhorando essa relação, melhoramos a qualidade de vida do indivíduo”, afirma. “Eu observei que a musicoterapia ofereceu benefício para os casais e aliviou sintomas como agitação e ansiedade.”

Kimiko Yamanaka Ferreira, 76, concorda. O marido dela, Sérgio Ferreira, 78, tem Alzheimer e eles participaram da pesquisa. “Fez um bem tão grande. Ele adorava. A gente fazia junto, isso trazia muitas recordações. Ele chorava muito”, conta.

Segundo ela, o marido, com quem está casada há 43 anos, adora música sertaneja. “Isso retardou a progressão da doença em pelo menos um ano. O humor dele mudava muito, isso melhorou na época”, explica.

Memória musical é última a ser perdida, diz médica

O bom resultado que a musicoterapia pode proporcionar na melhora da qualidade de vida dos pacientes com Alzheimer está relacionado com a memória musical, que é a última a ser perdida durante a doença, explica Rita Cecília Reis Ferreira, psiquiatra do Programa Terceira Idade do IPQ (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas).

“A musicoterapia é um tratamento não medicamentoso, complementar. Ela tem o benefício de cuidar do bem-estar da pessoa, ajuda na agitação que o paciente pode ter por conta da doença. Ela ajuda o paciente a se comunicar”, conta.

A médica explica que quanto mais situações terapêuticas o paciente se inserir, melhor será a qualidade de vida. “A musicoterapia precisa ter uma frequência, outras opções interessantes são massagem e fonoaudiologia. Infelizmente a cura ainda está muito longe.”

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