A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Pirituba, na zona norte de São Paulo, está sem fazer exames de raio-X desde que foi inaugurada, em outubro do ano passado. Pacientes que precisam fazer radiografia têm de ir até o pronto-socorro do Hospital Municipal José Soares Hungria, que fica ao lado da unidade de saúde.
Segundo funcionários da UPA, a máquina de raio X foi instalada em uma sala que não recebeu a devida proteção radiológica para funcionários e pacientes.
"A máquina foi instalada em uma sala que não é adequada para fazer o raio-X", afirmou um funcionário, que não se identificou.
A legislação em vigor prevê que salas de raio X devem ter o piso, o teto, as paredes e as portas protegidas contra a radiação.
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB) disse que gastou R$ 10,8 milhões para construir e equipar a unidade, que tem capacidade para 22 mil atendimentos ao mês.
Pacientes que foram à UPA nesta terça-feira (7), e precisaram fazer raio-X, reclamaram por ter de ir até o pronto-socorro, pois estavam debilitados.
Eles tiveram que subir por uma rua interna que liga a UPA ao hospital, que não tem calçada. Ou seja, dividem o espaço com os carros, motos e ambulâncias que passam pelo local. Depois, ainda precisam subir 25 degraus até chegar à entrada do pronto-socorro.
Além disso, a recepção do raio-X e do ultrassom fica para o lado de fora do prédio e é coberta somente por um toldo.
O autônomo Antonio de Deus Torres Euclides, 49 anos, chegou ofegante à recepção do raio X. Ele precisava fazer uma radiografia para avaliar se estava com pneumonia. "Se estivesse chovendo seria pior. Melhor seria falar lá [na UPA]."
O pedreiro Wilson Gonçalves de Souza, 35, foi até a UPA para ver se tinha quebrado a mão esquerda, que ficou prensada em uma máquina no trabalho. "É muito ruim saber que tem um lugar novo que não funciona direito", disse.
Paciente precisa tomar fôlego para encarar subida
Com falta de ar em razão da tuberculose que já trata há cinco meses, a dona de casa Maria de Fátima dos Santos, 59 anos, buscou atendimento na UPA Pirituba na manhã de segunda-feira (6) e se surpreendeu ao ser informada que teria de andar até o Hospital Municipal José Soares Hungria para fazer uma radiografia do pulmão pedida pelo médico.
"Eu acabei de tomar duas injeções por causa da tuberculose e agora tenho que encarar essa subida e as escadas", afirmou. "Já tive de parar duas vezes por causa da falta de ar e ainda estou no meio do caminho", disse a paciente, que estava bastante ofegante.
Moradora de Parada de Taipas, também na zona norte de SP, Maria de Fátima disse que buscou atendimento na UPA por achar que lá conseguiria tomar a medicação e fazer a inalação necessária.
"Até consegui ser atendida, mas não imaginava que ia ter que andar tanto para fazer exames".
Resposta
A Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou em nota que a sala de raio X da UPA Pirituba "passa por adequações para pleno funcionamento aos munícipes".
Na nota, a administração não explica quais são as "adequações" que estão sendo feitas nem quais são os problemas que impedem o uso do local, mas afirma que "lamenta as intercorrências, que deverão ser sanadas o mais breve possível", sem dar prazos.
A secretaria disse que os pacientes que procuram a UPA e têm a indicação para a realização do exame de raio-X são encaminhados para atendimento no pronto-socorro do Hospital Municipal José Soares Hungria, localizado no mesmo terreno, como o Agora constatou.
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