O cinema, assim como todas as formas de arte, espelha a sociedade, tanto no produto final que vemos nas telas quanto atrás das câmeras. Quando falamos de participação feminina na direção de filmes, o cenário não difere de outras áreas. Estamos longe de alcançar uma situação igualitária em relação aos homens.
Dados da Ancine (Agência Nacional do Cinema) apontam que, em 2018, 22% dos 176 longas brasileiros lançados comercialmente no mercado foram dirigidos por mulheres. Ou seja, dois em cada dez. Os homens ficaram com 69% dessa fatia e a codireção entre homens e mulheres, 9%.
“Na arte, em todas as funções de criação, o preconceito não se dá de maneira direta, mas pelos estereótipos”, afirma a jornalista e pesquisadora Luiza Lusvarghi, uma das organizadoras do livro “Mulheres Atrás das Câmeras - As Cineastas Brasileiras de 1930 a 2018”, lançado recentemente. A obra reúne textos sobre a atuação feminina na indústria cinematográfica do Brasil e 258 verbetes com os perfis de diretoras brasileiras.
Assim, diz Luiza, quando há uma narrativa policial, por exemplo, procura-se um homem para a direção, pois uma mulher não teria perfil para o tema. “Duvida-se quando uma mulher vai trabalhar na edição, no som, na direção de filmes. Algumas relatam questionamentos como ‘será que ela consegue carregar a câmera?.”
O preconceito também aparece quando a mulher divide a coautoria de um filme com um homem, diz a jornalista. “Daniela Thomas, por exemplo, não é tão reconhecida pelos filmes em que dividiu a direção”, diz. E quem se lembra que Kátia Lund codirigiu com Fernando Meirelles um dos maiores sucessos recentes do cinema brasileiro, “Cidade de Deus”?
Mas apesar de todas as barreiras, sempre houve mulheres no cinema brasileiro. A pioneira foi Cléo de Verberena, considerada a primeira diretora do Brasil, nos anos 1930. Seu nome real era Jacyra Martins Oliveira. Nascida em Amparo, no interior de São Paulo, ela veio para capital aos 15 anos, após ficar órfã.
Depois, foi para o Rio, onde trabalhou no estúdio Cinédia. Anos depois, de volta a São Paulo, fundou com o marido um estúdio na rua Tupi, e dirigiu “O Mistério do Dominó Preto”, em 1930, sobre o assassinato de uma mulher durante o Carnaval. Foi o único filme dela.
Segundo Luiza, a produção das cineastas brasileiras começou a ficar mais visível a partir dos anos 1970. “Nos anos 1950, por exemplo, se o homem já era estigmatizado por trabalhar com o cinema, com as artes em geral, imagine uma mulher. Ela tinha de escolher entre ser mulher e ser artista”, afirma a jornalista.
Embora não existam números oficiais, Luiza diz que a falta de representatividade é ainda maior entre as negras. Somente em 1984 estreou nos cinemas o primeiro filme dirigido por uma mulher negra no país: “Amor Maldito”, de Adélia Sampaio.
Hoje, apesar dos obstáculos, cada vez mais as mulheres brasileiras levam para as telas suas perspectivas de mundo. São premiadas e realizam obras importantes para o cinema nacional.
São nomes como Suzana Amaral, 87 anos, diretora de “A Hora da Estrela”, filme vencedor do Urso de Prata de melhor atriz no festival de Berlim de 1986. Ou Tizuka Yamazaki, que nos anos 1980 levou às telas um olhar sobre a imigração japonesa no Brasil.
Ou nomes mais recentes como Sandra Werneck, que dirigiu o premiado “Que Horas Ela Volta?”, Laís Bodanzky, diretora de “Bicho de Sete Cabeças”, e Petra Costa, indicada ao Oscar de melhor documentário por “Democracia em Vertigem” (abaixo, listo obras de algumas das principais diretoras do país).
São cineastas que buscaram seu lugar. “Se a mulher não tiver muita certeza, vai desistir. A sociedade discrimina e ela sucumbe”, afirma Luiza. A jornalista vê em organizações independentes do poder público uma forma de romper a barreira da desigualdade entre homens e mulheres na direção.
"O caminho é não depender de políticas públicas, uma vez que o atual governo federal não tem um olhar para isso. Coletivos, organizações, têm de notar a importância da questão da participação da mulher no cinema.
Programação especial
O Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo (8), inspirou essa coluna e várias iniciativas no setor audiovisual. A Spcine, por meio de sua plataforma digital, disponibilizou gratuitamente, por um mês, 26 filmes de brasileiras como Ana Carolina e Tata Amaral. Após 30 dias, o aluguel de cada filme custará R$ 3,99.
A Netflix lança neste domingo (8), em uma parceria com a ONU Mulheres, o serviço “Por Que Ela Assistiu”. Nele, mulheres que atuam na frente e atrás das câmeras indicam filmes que representam a diversidade e o universo feminino. Entre as curadoras estão Sophia Loren e a brasileira Petra Costa.
ONDE VER
(preços pesquisados em 5 de março)
ANA CAROLINA
ESTADO ITINERANTE
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ANNA MUYLAERT
QUE HORAS ELA VOLTA?
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SANDRA WERNECK
PEQUENO DICIONÁRIO AMOROSO
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TATA AMARAL
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HOJE
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TIZUKA YAMASAKI
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ENCANTADOS
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O NOVIÇO REBELDE
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1817: REVOLUÇÃO ESQUECIDA
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SPCINE PLAY
https://www.spcineplay.com.br/
Vinte e seis filmes de diretoras brasileiras estão disponíveis gratuitamente na plataforma por um mês. Depois, haverá a cobrança de R$ 3,99 por título
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ONDE LER
Mulheres Atrás das Câmeras - As Cineastas Brasileiras de 1930 a 2018
Luiza Lusvarghi e Camila Vieira da Silva (organizadoras). Editora Estação Liberdade.
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