Com pandemia, carros com placa de São Paulo são parados na chegada ao litoral

População evita praia e descida para a Baixada é tranquila na Páscoa

Santos

O sistema Anchieta-Imigrantes amanheceu vazio nesta sexta-feira (10), apesar do feriado ensolarado e convidativo para quem gostaria de ver o mar.

Rodovia dos Imigrantes, o movimento de veículos nesta Sexta-Feira Santa é tranquilo no sentido à Baixada Santista - Adriano Vizoni/Folhapress

Com as praias fechadas por causa da pandemia do coronavírus, quem circulou pelas rodovias que levam à Baixada Santista teve a certeza de que o apelo para que as pessoas permanecessem em casa durante a folga foi cumprido por grande parte da população.

Na rodovia dos Imigrantes, um cenário bem distinto daquele encontrado normalmente pelo turista durante os feriados. Poucos veículos se aventuraram e até mesmo o pedágio, sem as tradicionais filas, tinha quatro cabines fechadas. Os displays ao longo da estrada orientavam os motoristas a não viajar durante o feriado.

A reportagem apurou que, na quinta-feira (9), em todo o sistema, o volume foi de 1.600 veículos por hora em direção à Baixada Santista. Em 18 de abril do ano passado, também uma Quinta-Feira Santa, o movimento foi quase quatro vezes maior, com média de 6.000 veículos por hora.

Na chegada a Santos (72 km de SP), carros com placas de outras cidades eram desviados pela Guarda Municipal para receber orientações e informações a respeito da quarentena. Motoristas ouviam que praias, hotéis e restaurantes estavam fechados. Entre 7h e 9h30 desta sexta, 79 veículos de fora de Santos foram parados e tiveram as placas anotadas.

O aposentado Carlos Eduardo Pagnoni, 66, foi um deles. "Morávamos em São Paulo, mas mudamos para cá no início do ano. Estava na casa de parentes na capital e voltamos hoje. Acho correto fazer esse bloqueio aqui", disse.

A instrutora de trânsito Aparecida de Mello, 53, também de São Paulo, foi outra que teve o carro parado. "Estou trazendo máscaras, luvas e álcool em gel para nossos parentes daqui. Depois do almoço, já pego a estrada e volto para casa. Não podemos nem ir à praia", afirmou.

Os responsáveis pelo bloqueio, que conta com o apoio da Polícia Militar, não recolhem os veículos de fora de Santos. A fiscalização tem, até o momento, um caráter educativo.

Balsa

A restrição de acesso foi implantada também na balsa. Entre 7h e 11h desta sexta, 60 motoristas foram impedidos de fazer a travessia a partir de Santos pelo fato de não terem casa no Guarujá (82 km de SP) ou não desenvolverem atividades essenciais. Na na quinta, 246 veículos foram bloqueados.

O protético José Almeida, 57, foi parado na balsa e, com placa de Santos, prestou esclarecimentos antes da travessia para o Guarujá. "Temos que seguir a lei. Se for brigar com o sistema, a gente perde a razão. Abriram uma exceção porque estou com uma pessoa doente que mora lá", disse.

Guardas-municipais aceitaram, por exemplo, comprovantes de residência enviados pelo Whatsapp e disseram que o que deveria prevalecer era o bom senso, diante de cada situação. Nem todos os motoristas, porém, compreenderam a determinação. Alguns deixaram a área de acesso à embarcação revoltados, sem querer conversar.

Praia

Na faixa de areia, a reportagem não viu um banhista sequer. Guardas informaram que somente no início da manhã alguns surfistas entraram no mar, mas foram orientados a sair rapidamente.

A ciclovia ao longo do jardim estava movimentada. Ainda assim, mais vazia do que habitualmente.

Na quarta (8), o governador João Doria (PSDB) fez um apelo para que a população evitasse deslocamentos. "Eu aqui, faço um apelo às famílias: por favor, não se dirijam, especialmente, ao litoral. É um apelo que faço como governador do estado. Se possível, fiquem em suas casas, permaneçam em casa durante o período da Páscoa", disse.

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