Funcionários do Hospital Tide Setubal, em São Paulo, protestam por falta de equipamentos

Profissionais dizem estar trabalhando com capa de chuva no lugar de avental e temem contaminação

São Paulo

Os funcionários do Hospital Municipal Tide Setubal, em São Miguel Paulista (zona leste da capital paulista), fizeram um protesto contra a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs). Segundo os servidores, o trabalho está sendo feito com capa de chuva no lugar de avental impermeável, por exemplo.

A Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), diz que mantém os estoques abastecidos nos hospitais administrados pelo município.

Com faixas reivindicando atenção ao hospital, equipamentos e proteção, o protesto foi composto por alguns representantes dos funcionários que atendem pacientes com Covid-19. Apesar de a manifestação ter sido durante o dia, pessoas que trabalham a noite participaram. Um conselheiro da comunidade e o sindicato da categoria também estavam no protesto. Mesmo durante a ação, o atendimento no hospital não foi paralisado.

Uma funcionária, que prefere não ser identificada, afirma que o protesto foi organizado após mais uma profissional ter sido detectada com sintomas da Covid-19 nesta quinta-feira (16). Ela estima que pelo menos 12 profissionais estão afastados por terem contraído o novo coronavírus.

A funcionária conta que a falta de materiais como óculos de proteção e máscara N95 já ocorria antes da pandemia. Atualmente, itens como viseira, macacão e avental também não estão disponíveis.

Outro funcionário, que também prefere não ser identificado, se sente desamparado. Ele diz que, nos últimos dias, alguns trabalhadores receberam kits incompletos e insuficientes para cumprir o plantão. “É muito triste. Só a gente que está na linha de frente sabe o que está acontecendo”, afirma.

“A situação está completamente precária”, afirma a funcionária. No caso da utilização de capas de chuva, ela explica que elas não são materiais adequados para o trabalho, já que rasgam, molham, não cobrem todo o braço e podem contaminar o trabalhador enquanto ele a veste ou retira.

“A gente está junto, trabalhadores e usuários”, diz Fermina Silva Lopes, 66, uma das conselheiras da comunidade e representante do movimento de saúde da zona leste. “Estamos vivendo um momento muito difícil, com muito medo por não saber o dia de amanhã”, completa.

Fermina afirma que questionou a direção do hospital sobre os equipamentos de proteção individual que foram doados, estão estocados e não foram distribuídos até o momento. A conversa aconteceu na semana passada. Segundo uma funcionária, apenas após a mobilização desta sexta-feira, álcool em gel e botas foram entregues.

Prefeitura afirma distribuir equipamentos

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), diz que “tem mantido os estoques de EPI abastecidos em suas unidades de saúde para todos os profissionais envolvidos no atendimento a pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)”. Segundo a pasta, todas as doações recebidas estão sendo distribuídas.

A secretaria afirma que importou testes para detectar contaminação pelo coronavírus e que parte deles serão usados em profissionais de saúde que apresentarem sintomas e pacientes internados nos hospitais municipais.

A prefeitura afirma que “negocia a compra de 12 milhões de máscaras cirúrgicas e 1 milhão do modelo N95, além de aventais impermeáveis”.

Questionada pela reportagem, a administração municipal não comentou o uso de capas de chuva e nem informou quantos funcionários foram afastados do hospital por possível contaminação.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.