Pandemia deixa catadores de recicláveis de SP sem grana

Solução para matar a fome é procurar em pontos de doação públicos

São Paulo

Com ferros velhos fechados por causa da quarentena decretada pelo governo estadual, no último dia 24 em função do novo coronavírus, catadores de recicláveis estão sem vender o material que coletam e ficam sem a pequena renda que conseguiam arrecadar.

Por estarem sem fonte de renda, coletores ouvidos pela reportagem no centro da capital paulista afirmam que estão sem condições de custear refeições, que precisam ser procuradas por eles em pontos de doação públicos ou de igrejas e ONGs.

Com seu carrinho vazio de materiais, por volta das 13h desta quarta-feira (1º), o catador Aparecido da Silva, 44 anos, que vive nas ruas do centro há mais de dez anos, afirmou que, antes da quarentena, conseguia levantar a grana necessária para se alimentar “de forma decente”. “Conseguia comprar comida boa, um bife, um refrigerante, para ter energia para puxar meu carrinho.”

Moradores de rua fazem fila para receber comida distribuída por padres franciscanos, em frente ao largo de São Francisco, no centro de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

O veículo improvisado, onde coleta recicláveis, também é usado por Silva para dormir todas as noites na região da Sé (centro). No carrinho, o Agora constatou que ele levava duas embalagens plásticas com refeições. “Comprei macarrão, com o que sobrou de dinheiro, e estou vivendo a base dele [temperado somente com sal] desde a semana passada”, afirmou.

O padre Júlio Lancellotti, vigário da Pastoral do Povo da Rua, da Arquidiocese de São Paulo, afirmou que a quarentena “é um inimigo invisível do povo de rua”. Eles percebem que algo de errado ocorre, mas sem saber de onde. Percebem também que o Covid-19 mudou a rotina de todos.

Resposta

O governo estadual, gestão João Doria (PSDB), afirmou que mantém, junto com o prefeito Bruno Covas (PSDB), ações “de forma descentralizada” na cidade.

A prefeitura afirmou que irá disponibilizar R$ 600 para 1.400 catadores autônomos e R$ 1.200 para 900 cooperados.

Todos os 22 Bons Pratos da capital oferecem três refeições a R$ 1,00 cada. (AH)

Franciscanos servem comida no Centro

Os padres franciscanos começaram a servir refeições para pessoas em situação de rua, em uma tenda, em frente ao largo de São Francisco, região central, por volta das 12h desta quarta-feira (1º).

A ordem religiosa já mantém este tipo de ajuda, para cerca de 700 pessoas, que continuarão a receber suas refeições em outro ponto do prédio dos religiosos.

Segundo Frei Diego Melo, vice-diretor da Associação Franciscana da Solidariedade, a iniciativa resulta da parceria entre a igreja e ONGs que entregavam comida para pessoas nas ruas, antes do isolamento social.

Nesta quarta, foram servidos 600 marmitex e 300 pães, além de sucos e água. A ideia é elevar as refeições para mil por dia.

Para fazer doações, mande mensagem para o WhatsApp (11) 97739-0146.

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