Aplicativos de vídeo viram febre durante isolamento do coronavírus

Ferramentas em computadores e celulares é válvula de escape para diminuir distanciamento

São Paulo

Durante este período de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, aplicativos que permitem chamadas por vídeo com parentes e amigos ou para trabalho têm sido um aliado importante.

Existem diversos aplicativos disponíveis. O WhatsApp, sistema de mensagens mais popular entre os brasileiros, mudou recentemente o recurso de chamadas de vídeo. Antes, era possível uma conversa entre quatro pessoas simultaneamente, mas recentemente passou para oito.

Segundo a empresa, em abril, usuários em todo o mundo passaram, em média, mais de 15 bilhões de minutos por dia em chamadas pelo aplicativo. Para fazer uma chamada do WhatsApp com o novo limite, os participantes devem ter a versão recente do app.

A aposentada Maria Glória dos Anjos, 65 anos, entra em contato com a família e os amigos por meio de aplicativos como Zoom e Facebook durante o isolamento - Rubens Cavallari/Folhapress

Outra possibilidade bem conhecida dos brasileiros é o Messenger do Facebook. Quem tem um perfil na rede social já possui acesso ao aplicativo. Ele também já pode ser usado por quem tem a rede social no celular, mas é possível instalar um aplicativo no aparelho.

Um dos mais populares nesta quarentena é o Zoom. O sistema está disponível tanto para celulares quanto computadores. Apesar de ser mais utilizado no meio corporativo e em versões pagas, a plataforma possui uma opção gratuita que possibilita a participação de até 100 pessoas. Cada chamada em grupo tem o limite de 40 minutos.

Pelo Skype, que foi uma das primeiras ferramentas a oferecer este tipo de recurso de vídeochamada, o usuário pode fazer ligações de vídeo com até 25 pessoas, além de uma janela de bate-papo para envio de mensagens de texto e imagens.

Já o Google Duo é um aplicativo instalado de fábrica em dispositivos Android, mas a plataforma também está disponível para aparelhos da Apple. Just Talk, House Party, Hangouts e Facetime são outros aplicativos que podem ser utilizados.

Preenche um vazio, diz aposentada

Além do contato com a família e amigos, os aplicativos de vídeo têm ajudado as pessoas a seguir com algumas rotinas. É o caso da enfermeira aposentada Maria Glória dos Anjos, 65 anos. “Isso tem me ajudado muito no isolamento, porque moro só. Gravava muito áudio, mas eles tinham mais de cinco minutos. E o vídeo pode durar o mesmo tempo ou até mais e não fica tão cansativo. Uso o WhatsApp para conversas com uma pessoa só. Vamos iniciar com o Zoom uma reunião com a turma do [Centro Espírita] Ismael”, diz.

“Eu me sinto muito bem após as conversas, é como se houvesse recebido em minha casa, preenche um vazio que o isolamento deixa em meu peito”, diz a moradora do Tremembé (zona norte). Ela afirma que participará de um grupo de oração para oferecer conforto espiritual para enfermeiros e parentes do Hospital São Paulo, na Vila Mariana (zona sul). “Fazemos as orações por vídeo agora.”

A diretora de escola Maria Cristina dos Santos Godoy, 64, moradora da Vila Maria (zona norte), também utiliza as chamadas de vídeo com frequência. Antes da quarentena, ela usava o WhatsApp para falar com os filhos que moram nos EUA e na Austrália. Agora, ela também faz chamadas de vídeo para conversar com o outro filho que mora em Guarulhos, na Grande SP. “Uso ainda para outras coisas, como para fazer reunião com o pessoal da creche em que trabalho.”

Tecnologia não substitui o contato, diz psicóloga

Embora possa ser benéfico em alguns casos, o uso da tecnologia não substitui o contato pessoal entre as pessoas, afirma a professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Andreia Jotta, que ministra a disciplina Psicologia e Internet.

“Qualquer que seja o uso de ferramenta tecnológica, nunca será o suficiente. O ser humano tem necessidade do contato, do abraço, de ver. Quando a tecnologia está substituindo é porque existe uma perda”, diz.

Em relação aos idosos, ela explica que existem aqueles que negam a existência do vírus, mas existe também um outro grupo que está com medo. “Eles teriam muito mais complicações se não pudessem ter esse contato. Para eles, essa ferramenta é uma grande novidade, e possibilita o contato com a família, a igreja.”

“Mas a gente isolar idoso também não é uma novidade, já acontecia na sociedade antes. Neste ponto, não vejo que a tecnologia vá influenciar idosos e crianças. Acho que influencia mais as pessoas que estão no mercado de trabalho, que está sofrendo uma grande mudança”, diz Andreia.

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