Recuperado da Covid, motorista lamenta desconhecimento da população

São Paulo

Ao dar entrada no Hospital de Vila Nova Cachoeirinha (zona norte de SP), no feriado de Tiradentes, Paulo Cezar de Oliveira Silva, 61 anos, sabia que estava com o novo coronavírus. Motorista da Prefeitura de São Paulo, ele já apresentava os sintomas havia vários dias.

"Eu já estava em casa por causa da quarentena. Do nada, em um final de semana, comecei a ter febre e o corpo começou a ficar ruim. Logo em seguida me deu uma diarreia que durou nove dias ou mais. Depois, começou a me dar tontura e tosse, e perdi a vontade de me alimentar", conta ele, afirmando que não chegou a perder o olfato e o paladar.

Como já estava dormindo separado da mulher, Matilde de Souza Silva, 53, não foi contaminada, o que foi bom para ajudar no tratamento do marido. Porém, como não melhorava, Paulo Cezar confirmou pela TV que estava com os sintomas e foi para o hospital.

"O problema maior é o pulmão, mas o meu não chegou a ser afetado. Mesmo assim, ainda fiquei um pouco fatigado."

O agente de apoio Paulo Cezar de Oliveira Silva e a esposa Matilde de Souza Silva
O agente de apoio Paulo Cezar de Oliveira Silva e a esposa Matilde de Souza Silva - Arquivo Pessoal

No hospital, ele fez raio-X do pulmão, tomografia e exames de sangue e da Covid-19. Como o resultado foi positivo, ele logo foi internado e passou a ser medicado. Nos três dias e quatro noites que ficou o local, ele diz que não precisou usar respirador, apenas recebeu oxigênio por uma sonda no nariz. No final, diz ter ficado grato pela forma como foi tratado pelos profissionais da saúde. Mas lamentou a reação de outros internados com o coronavírus.

"Coisa triste é as pessoas não terem realmente conhecimento do que é isso. Lá dentro, você vai tendo a noção da situação. Aquele que não é cristão vai lembrando de Deus, chamando a mãe, chamando o pai, pedindo água, reclamando, xingando, brigando"¦ Realmente, as pessoas começam a perder a cabeça", conta, lembrando que os enfermeiros e médicos se desdobravam para dar conta de atender a todos. "As pessoas não têm paciência, é muito triste", finaliza.

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