Os fãs de Amácio Mazzaropi, um dos principais artistas da história do cinema brasileiro, ganharam uma oportunidade de matar as saudades e se divertir com o caipira mais famoso do país. Doze dos 32 filmes do comediante, produtor e cineasta foram lançados nos serviços de streaming e de TV por assinatura NOW, Vivo Play, NetMovies e Looke.
São longas realizados entre 1959 e 1979, quando Mazzaropi passou a produzir seus filmes. Até então, ele era contratado da Companhia Vera Cruz, onde havia estreado em 1952, em “Sai da Frente”. Ao ver que seus longas levavam multidões aos cinemas, o ator decidiu tomar as rédeas da produção, fundando a companhia PAM (Produções Amácio Mazzaropi). O primeiro filme da nova empreitada, “Chofer de Praça”, está entre os disponíveis agora.
As obras foram reunidas no início dos anos 2000 por Paulo Duarte, escritor, diretor e biógrafo de Mazzaropi, inicialmente para lançamento em DVD. “Quando Mazzaropi morreu, em 1981, sua mãe foi a herdeira dos filmes. Mas ela faleceu poucos anos depois, e os longas foram parar nas mãos de advogados, tornando-se moeda de troca”, diz Duarte.
“Eles foram vendidos em pedaços, e os compradores achavam que valiam uma fortuna”, conta. Duarte conseguiu mapear os filmes (uma parte também estava com antigos colaboradores de Mazzaropi), e a partir daí fez um trabalho de recuperação das cópias para o lançamento em DVD.
“São os 12 melhores filmes dele fora da Vera cruz. São obras que chegaram aos dias de hoje com qualidade de som e imagem”, diz Duarte. Além de Mazzaropi, os longas têm musicais com Agnaldo Rayol, Elza Soares e Lana Bittencourt. E o público ainda pode ver Geny Prado, parceira do ator em muitos longas, e a estreia de Tarcísio Meira e Luís Gustavo no cinema, em “Casinha Pequenina”.
Além de comediante, um homem de negócios
Mazzaropi não é reconhecido apenas por seu trabalho como ator e comediante, mas também por sua visão de negócios. “Sempre se falou muito em criar uma indústria de cinema no Brasil. Mazzaropi foi o único que conseguiu”, afirma Paulo Duarte.
"Ele tinha tino comercial. Quando negociava a exibição de um filme colorido, por exemplo, fazia com que o exibidor também levasse dois em preto e branco”, diz.
Lançando quase um filme por ano, Mazzaropi sempre figurou entre as principais bilheterias do país. “Isso em um circuito exibidor de 12 a 25 salas em São Paulo, por exemplo. Hoje, os filmes precisam de 400 salas”, diz Duarte.
“Ele começou no circo, passou para o rádio, a TV e chegou ao cinema. Vendia tudo para bancar seus projetos”, diz. Para o primeiro filme da produtora, por exemplo, vendeu dois carros e terrenos.
ONDE VER
Vivo Play: R$ 6,90 o aluguel de cada filme
NOW: R$ 6,90 o aluguel de cada filme e R$ 14,90 a compra de cada um
Looke: R$ 4,99 o aluguel de cada filme e R$ 19,99 a compra de cada um
NetMovies: grátis, basta fazer um cadastro no site
CONFIRA OS FILMES DISPONÍVEIS
Chofer de Praça (1959)
Este foi o primeiro filme produzido por Mazzaropi. Na trama, ele é Zacarias, um homem humilde que se muda com a família para a cidade grande. Lá, consegue emprego como chofer de praça. Foi o primeiro filme do ator com Geny Prado, que se tornaria sua parceira.
Jeca Tatu (1960)
O filme ícone de Mazzaropi é, segundo o próprio ator, uma singela homenagem a Monteiro Lobato. É considerado o longa de maior bilheteria do ator. Na trama, ele é Jeca Tatu, um roceiro preguiçoso em conflito com seu vizinho, um grande fazendeiro.
O Vendedor de Linguiça (1962)
O ator é Gustavo, um vendedor ambulante de linguiças que percorre os bairros da periferia de São Paulo. O filme tem trechos musicais com o próprio Mazzaropi, Pery Ribeiro e Elza Soares.
Casinha Pequenina (1963)
Considerado por muitos o melhor filme de Mazzaropi, o longa fala de injustiças sociais e do fim da escravidão. O ator é Chico, um colono de bom coração envolvido em um plano de um coronel corrupto.
Meu Japão Brasileiro (1965)
Mazzaropi interpreta o agricultor Fofuca, que vive em uma comunidade rural nipo-brasileira. Ele enfrenta a exploração de um intermediário e tenta organizar uma cooperativa.
No Paraíso das Solteironas (1969)
O cabloco Mazzaropi chega à cidade grande, neste filme dirigido pelo ator, e cai nas graças de um grupo de solteiras. Ele se envolve em uma confusão com a dona do hotel em que está hospedado e um grupo de ciganos.
Uma Pistola Para Djeca (1969)
Podemos não ter Django, o personagem dos faroestes, mas temos Djeca, ou melhor, Gumercindo (Mazzaropi). É ele quem, com ajuda de vizinhos, vai em busca de justiça após ter a filha seduzida pelo filho de um fazendeiro.
O Grande Xerife (1972)
Em seu 24º filme, Mazzaropi é Porococa, chefe do correio da vila onde mora. A vida dele muda quando um bandido disfarçado de padre chega a cidade, mata o delegado e coloca Pororoca para substituí-lo.
Um Caipira em Bariloche (1973)
Mazzaropi é Polidoro, um fazendeiro que cai em um golpe e acaba indo para Bariloche. Foi o primeiro longa rodado pelo ator fora do país. Depois ele faria “Portugal, Minha Saudade” em Lisboa, Coimbra e Fátima.
Jeca e seu Filho Preto (1978)
O longa aborda o preconceito racial ao contar a história do roceiro Zé do Traque, que tem dois filhos, Antenor, negro, e Laurindo, branco. Na trama, o primeiro rapaz começa a ser perseguido pelo rico fazendeiro da cidade após se apaixonar pela filha dele.
A Banda das Velhas Virgens (1979)
Penúltimo filme de Mazzaropi, em que ele é o cabloco Gostoso, maestro de uma banda de idosas e beatas. Problemas com um fazendeiro o fazem mudar para a cidade grande, onde passa a morar em ferro-velho e descobre um saco de joias, sendo acusado de roubo.
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