Um sargento e dois cabos da Polícia Militar são investigados por estarem supostamente envolvidos no assassinato do cabo Fernando Flávio Flores, 38 anos, morto com ao menos 70 tiros de fuzil, quando saía de casa, na região de Interlagos (zona sul), em 4 de maio do ano passado. O policial era integrante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar).
Segundo inquérito policial do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), o cabo foi alvo de policiais, que em um grupo de WhatzApp o criticaram e ofenderam por não ter matado um suspeito, já rendido, durante uma ação do batalhão em 2017. Flores chegou a formalizar, no mesmo ano, uma denúncia sobre as ofensas e ameaças na Corregedoria da corporação. A denúncia resultou na transferência de três policiais da Rota para outro batalhão.
De acordo com as mensagens trocadas na ocasião por policiais da Rota, incluindo os suspeitos, em um grupo chamado "Vespas só de confiança", o cabo Flores foi chamado de "saco de puz (sic)", "pança de verme maldito" entre outras ofensas por ter se negado a supostamente matar um suspeito e também por não ter levantado a mão durante uma aula dada a policiais. "Nessa época existia uma divisão entre policiais, por questões profissionais", diz trecho do depoimento de uma testemunha ao DHPP.
Após a transferência dos três PMs, o cabo Flores compartilhou com um amigo de trabalho
Segundo consta no inquérito do departamento de homicídios, ser transferido da Rota é uma humilhação e desonra para policiais que compõem o batalhão, o que teria gerado um sentimento de revolta contra o cabo Flores.
Além disso, um carro modelo Corolla, usado para dar cobertura a um Hyundai I30, ocupado pelos assassinos do policial no dia do crime, é idêntico ao conduzido por um PM que teria ofendido Flores, por meio de mensagens no grupo da rede social, ainda segundo a investigação do departamento da Polícia Civil.
O homicídio
O cabo da Rota Fernando Flávio Flores, 38, foi morto após ser alvo de ao menos 70 tiros de fuzil quando saída de casa para trabalhar, por volta das 6h30 de 4 de maio de 2019, na região de Interlagos (zona sul).
Policiais que trabalhavam com a vítima chegaram a afirmar, na ocasião, que Flores havia sido ameaçado de morte por integrante de uma facção criminosa.
Uma câmera de segurança da rua em que o policial morava registrou a ação dos criminosos. As imagens mostram o PM saindo da garagem de casa com seu carro, um Fiat Doblò. Após fechar o portão da residência e entrar no veículo, um Hyundai I30 com os criminosos emparelha com o carro de Flores. Eles disparam dezenas de vezes sem sair do veículo. Na sequência, duas portas traseiras do Hyundai são abertas e dois criminosos desembarcam. Ambos atiram dezenas de vezes em direção ao policial, que estava no banco do motorista.
Ainda segundo as imagens, um dos criminosos retorna ao Hyundai, recarrega o fuzil e se aproxima da janela do passageiro do carro do policial e descarrega a arma contra a vítima. Em seguida, os atiradores fogem.
Um carro com as mesmas características do usado pelos criminosos foi encontrado queimado em uma área de mata em Parelheiros (zona sul). Dentro do veículo foram encontradas munições de fuzil calibre 556.
O policial trabalhava no 1º Batalhão do Choque da Rota. Ele deixou mulher e três filhos. Ele estava na Rota havia 14 anos.
Maioria dos PMs foram mortos fora de serviço
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão
Na capital, foram 12 PMs mortos de folga e sete em serviço, no ano passado. Já no estado foram mortos 17 policiais de folga e 14 em serviço.
No primeiro trimestre deste ano, quatro PMs morreram fora de serviço na capital paulista e um em serviço. No estado foram sete, quando de folga, e 6 trabalhando.
Resposta
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão
À época do assassinato do cabo Flores, nas redes sociais, o governador
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.