A pandemia do novo coronavírus impactou diretamente os estoques de sangue. Nos últimos meses, diversas campanhas para doação tem sido feitas para melhorar a situação dos hemocentros. Elas lembram que a doação é segura e deve acontecer regularmente, pois salva vidas.
“A doação de sangue ainda não faz parte do cotidiano do brasileiro”, afirma Denys Fujimoto, hematologista e diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH). Ele explica que os estoques de sangue já enfrentavam uma certa dificuldade antes mesmo desta pandemia. Com a chegada da Covid-19 e a preocupação em não sair de casa, os hemocentros, em geral, enfrentaram uma queda de até 40% no mês de maio. A situação só não piorou porque as cirurgias eletivas haviam sido canceladas.
Neste momento de flexibilização e retorno a rotina, algumas cirurgias também estão voltando a ser feitas. Segundo Fujimoto, apesar do volume de doadores ter aumentado recentemente, a demanda por sangue também cresceu.
Segundo Afonso José Pereira Cortez, médico hematologista e hemoterapeuta e diretor geral técnico da Colsan, a Associação Beneficente de Coleta de Sangue enfrentou uma queda de 15% dos doadores no início da pandemia. Após campanhas de divulgação, o volume melhorou, mas ainda é 8% menor do que o habitual. “Estamos conseguindo atender as solicitações pelo fato que muitos procedimentos eletivos foram adiados”, explica Cortez.
Além da quantidade de doadores, a pandemia também afetou as medidas de segurança dos hemocentros. Fujimoto explica que estes ambientes incorporaram medidas como agendamento virtual ou por telefone, distanciamento mínimo e higienização frequente. “O serviço de banco de sangue sempre se preocupou muito com a segurança do doador e do paciente que vai receber a transfusão”, ressalta.
Cyntia Arrais, médica hematologista e hemoterapeuta da Fundação Pró-Sangue, afirma que o sangue é essencial, seja em época de pandemia ou não. Ela explica que pacientes que precisam fazer cirurgias sofreram acidentes ou estão em tratamentos de doenças que exigem transfusão, por exemplo, dependem do sangue para viver. Além disso, pacientes de Covid-19 também podem precisar receber sangue, principalmente em estado grave.
Segundo o site da Fundação Pró-Sangue até o último dia 13, o estoque de cinco dos oito tipos sanguíneos estava em estado crítico. “[A Fundação] continua necessitando que os doadores venham de forma regular”, diz Arrais.
Em relação ao estoque, ela explica que sem a regularidade nas doações alguns tipos sanguíneos são mais prejudicados. O tipo “O”, por exemplo, é o mais utilizado porque pode ser recebido por qualquer pessoa. Já os negativos são mais raros e são utilizados, por exemplo, em mulheres em idade fértil.
Requisitos para doar sangue
Arrais e Fujimoto explicam que pacientes que tiveram Covid-19 também podem ser doadores. Quem teve a doença precisa esperar um mês após estar curado e não ter mais sintomas para fazer isso. Já pessoas que tiveram contato com alguém doente ou estão com suspeita precisam aguardar duas semanas após o desaparecimento dos sintomas.
Segundo o Ministério da Saúde, qualquer pessoa entre 16 e 69 anos com bom estado de saúde e mais de 50 kg podem doar sangue. Menores de 18 anos precisam ter autorização dos responsáveis. Já os idosos só poderão doar se já tiverem feito isso antes dos 60 anos. É importante levar documento original com foto.
Para doar é importante ter dormido bem, pelo menos seis horas nas últimas 24 horas e evitar alimentos gordurosos horas antes da doação. Arrais destaca que é necessário se alimentar adequadamente durante o dia da doação, incluindo antes da coleta. “São coletados exames obrigatórios para liberar a bolsa [de sangue] e as pessoas acham que precisam ir em jejum, mas não”, afirma. Segundo a médica, mulheres podem doar sangue a cada três meses e homens, a cada dois.
“Doação de sangue é um ato de amor e cidadania”, destaca Arrais. Ela explica que a ação é simples em favor de alguém que precisa e, muitas vezes, está sob risco de morte. “Os doadores contam que o bem-estar em fazer isso para ajudar quem não conhece é impressionante”, relata.
Doação de sangue não pode parar
A doação de sangue
- Os estoques dos hemocentros abastecem hospitais diariamente
- A quantidade disponível varia muito, por isso é importante que as doações aconteça regularmente
- Seja em uma pandemia ou não, o sangue é essencial para que as pessoas possam viver
- Pessoas que sofreram acidentes, passam por cirurgias e fazem tratamento de doenças (incluindo Covid-19) são exemplos de quem precisa da doação
Na pandemia
- A doação de sangue ocorre com base em várias medidas de segurança
- Diante do novo coronavírus, novos cuidados foram adotados em instituições como:
- Uso de máscara obrigatório
- Distanciamento social
- Oferta de álcool em gel
- Agendamento pela internet (que evita demora e aglomeração)
A Covid-19 e os doadores
- Pessoas que tiveram contato com alguém com Covid ou estejam com suspeita da doença precisam esperar duas semanas para doar
- Pessoas que tenham contraído Covid-19, precisam aguardar um mês após se curar e não ter mais sintomas para doar
- No site da Fundação Pró-Sangue é possível tirar dúvidas sobre doação de sangue e Coronavírus com um assistente vitual, a Livia.bot
Quem pode doar sangue
- Pessoas entre 16 e 69 anos
- Até 18 anos precisam da autorização dos pais ou tutor
- O doador deve ter bom estado de saúde
- Pesar pelo menos 50kgs
- Mulheres podem doar sangue a cada três meses
- Homens a cada dois meses
Quem não pode doar sangue?
- Há impedimentos temporários como gripe, gestação, tatuagem no último ano entre outros
- E impedimentos definitivos como pessoas com doenças transmissíveis pelo sangue, como Hepatites B e C, Aids e Doença de Chagas por exemplo
Como se preparar para doar?
- Esteja bem alimentado e hidratado
- Não vá em jejum
- Evite alimentos gordurosos quatro horas antes de doar
- Evite bebida alcoólica 12 horas antes
- Também é importante dormir bem (pelo menos seis horas na noite anterior)
- Leve documento original com foto
Fontes
- Cyntia Arrais, médica hematologista e hemoterapeuta da Fundação Pró-Sangue
- Denys Fujimoto, hematologista e diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH)
- Fundação Pró-Sangue
- Ministério da Saúde
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