Calor deixa pele desidratada e leva a micoses e queimaduras

Tempo quente faz com que surjam as brotoejas em crianças, com glândulas de suor bloqueadas

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São Paulo

No último dia 7, o estado de São Paulo registrou a maior temperatura da história. No início outubro, a capital mediu o segundo dia mais quente. Lidar com o calor requer cuidados para a saúde. Este cenário pode favorecer o aparecimento de micoses e queimaduras na pele, por exemplo.

Segundo Paulo Ricardo Criado, coordenador do Departamento de Medicina Interna da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que há doenças que podem ser causadas ou agravadas neste tempo.

“O calor excessivo pode provocar intensa transpiração e desidratação”, explica o dermatologista.
“A pele desidratada pode ter repercussão sistêmica”, complementa Silvana Lessi Coghi, dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

A especialista explica que a perda de líquido pode levar a boca e olho seco e, em casos extremos, também à insolação. Isso ocorre quando há aumento da temperatura corporal e a pessoa pode ter pele quente e seca, além de desenvolver sintomas como dor de cabeça, náusea e até tontura.

Criado ressalta que se expor ao sol de forma intensa pode levar a queimaduras de vários graus, episódios de herpes simples e o agravamento de catapora. Coghi diz que em situações de exposição contínua sem uso de protetor solar, a pessoa pode desenvolver câncer de pele no futuro.

Durante o calor, a médica conta que é muito comum ver o aparecimento de brotoejas (miliárias) em crianças. A inflamação acontece quando a glândula que elimina o suor fica bloqueada. O coordenador da SBI menciona que pessoas que já tenham tendência para urticária, eczema disidrósico ou dermatite atópica podem ter casos desencadeados pelo aumento da transpiração e pelo calor, causando irritação na pele.

Umidade

Os médicos afirmam que a junção entre calor e umidade também favorece o surgimento das micoses, que são infecções causadas por fungos.

Segundo eles, as micoses aparecem principalmente nas virilhas, entre os dedos dos pés e ainda nas dobras do abdômen.

“O fungo é um bolor que gosta do escuro, úmido e quente para se proliferar”, explica o coordenador da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Já a dermatologista da rede São Camilo ressalta que a dermatite seborreica, que é uma descamação da pele, também pode aparecer quando há muito suor e abafamento do couro cabeludo, ao utilizar bonés por longos períodos.

Caso sinta algum incômodo na pele ou observe algo diferente do habitual, a pessoa deve consultar o médico para diagnóstico e tratamento adequado.

Higiene e hidratação são os antídotos

Para evitar problemas de pele relacionados ao sol e ao calor, os médicos recomendam atenção para higiene pessoal, hidratação e uso de itens adequados. Neste período, a dermatologista Silvana Lessi Coghi recomenda manter ambientes arejados, evitar horários em que o sol está muito forte e usar protetor solar, renovando a aplicação a cada duas horas.

Em relação à umidade no corpo, a médica aconselha se enxugar bem e não dormir com o cabelo molhado. Ingerir bastante líquido também é essencial no calor. “Água, de preferência”, diz Coghi.
Além de hidratar o organismo com água, o dermatologista Paulo Ricardo Criado, alerta para a hidratação da pele. Neste caso, é importante consultar um médico para utilizar um produto apropriado.

O médico ressalta, também, a necessidade de usar roupas leves, trocar fraldas das crianças com frequência, tomar banho após sair de locais como praia e piscina e lavar mãos e rostos com frequência, utilizando sabonete neutro, que evita irritações.

O QUE O CALOR PODE CAUSAR?

Pode levar a transpiração intensa e, em casos extremos, desidratação

  • Urticária induzida

É uma irritação na pele que provoca lesões avermelhadas. Até seis semanas de duração é considerada aguda, após este período passa a ser um caso crônico

  • Eczema disidrósico

Formação de pequenas bolhas, que podem ficar maiores, geralmente nas mãos e nos pés

  • Eczema ou dermatite atópica

Aparece em áreas de dobras nas pessoas com a pele sensível para a irritação. Causa coceira, vermelhidão e formação de pequenas crostas

O QUE O CALOR PODE AGRAVAR?

  • Micoses

Infecções causadas por fungos. Afetam, principalmente, nas dobras do corpo, como dedos dos pés e virilha

  • Intertrigo

Costuma aparecer em regiões com dobra de pele, como abdômen, axilas, virilha e abaixo das mamas

  • Seborreia

Inflamação na pele que afeta o couro cabeludo. É intensificada quando a região é abafada e a eliminação do suor é bloqueada

  • Rosácea

Torna o rosto mais vermelho e pode piorar o surgimento de pontos de pus (semelhante à acne). Geralmente afeta pessoas acima de 30 anos

  • Foliculite

Proliferação bacteriana no poro do pelo. Quando a pessoa coça o local da obstrução e abre uma fissura muito pequena, uma bactéria naturalmente presente na pele é jogada para dentro do organismo. Assim o local infecciona e a foliculite aparece. Outra razão é o uso de roupas muito apertadas, que causam atrito na região

Cuidado com as crianças pequenas

  • Não trocar fraldas com a frequência correta pode causar assaduras
  • As brotoejas (ou milárias) são dermatites inflamatórias que também podem afetar adultos
  • Seus sintomas são vermelhidão e coceira

POSSÍVEIS EFEITOS DA EXPOSIÇÃO SOLAR

  • Herpes simples

Em excesso, o sol pode baixar a imunidade. Assim quando pessoas com tendência se expõem ao sol sem proteção, pode ser que as feridas apareçam. É mais comum que isso aconteça em mucosas, como no lábio

  • Desidratação da pele

Quando perde mais líquido do que repõe. Ocorre principalmente em bebês e idosos

  • Insolação

Há um aumento da temperatura corporal. Além da pele seca, vermelha e começando a fazer bolhas, a pessoa pode ter dor de cabeça, náusea, tontura

  • Queimaduras de pele

A exposição solar sem proteção pode causar queimaduras de diversos graus

  • Câncer de pele

Causado pela exposição intensa e contínua, principalmente para pessoas com peles brancas que não utilizam proteção adequada

Como cuidar

  • Evite banhos quentes e demorados
  • Não se ensaboe demais ou use buchas
  • Prefira sabonete líquido ao de barra
  • Use hidratante logo após sair do banho, ainda com vapor
  • Usar filtro solar diariamente
  • Beber no mínimo dois litros de água por dia


Fontes: Paulo Ricardo Criado, coordenador do Departamento de Medicina Interna da Sociedade Brasileira de Dermatologia e professor da Faculdade de Medicina do ABC; Silvana Lessi Coghi, dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo; Sociedade Brasileira de Dermatologia

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