Trabalhadores do Ambulatório de Especialidades Dr. Alexandre Kalil Yasbek, no bairro Planalto Paulista (zona sul de SP), denunciam problemas na infraestrutura da unidade, além da falta de profissionais de saúde. O equipamento, que antes da pandemia realizava cerca de 3.600 atendimentos médicos por mês, é gerido pela Secretaria Municipal de Saúde da capital, gestão Bruno Covas (PSDB).
No local, há diversos móveis, como mesas e cadeiras, empilhados em áreas de circulação de pacientes. O mobiliário pode ser visto no fundo do saguão principal e em dois corredores laterais que ficam do lado externo do prédio e que dão acesso à farmácia e ao SAE (Serviço de Assistência Especializada) DST/Aids.
Na passagem para os consultórios destinados ao atendimento de pacientes com doenças sexualmente transmissíveis, há acúmulo de entulho. Os sacos de lixo comum ficam em um compartimento aberto e o cheiro é forte, inclusive com presença de mosquitos.
Funcionários que não quiseram se identificar afirmaram que faltam médicos no complexo, principalmente clínicos gerais e psiquiatras. A consequência disso é a demora no tempo de espera.
Segundo trabalhadores, no caso de psiquiatras e neurologistas, a fila chega a três meses.
Além do ambulatório e do SAE DST/Aids, o complexo oferece outros serviços, como o o Emad (Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar), o CER (Centro Especializado em Reabilitação) e o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), que, conforme funcionários, também estão com os atendimentos prejudicados.
"Estamos vivendo um processo de sucateamento da unidade. Muitas coisas estão acontecendo debaixo dos panos", comenta Luba Melo, dirigente do Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo). A entidade afirma que há a possibilidade de a prefeitura "terceirizar" a unidade, passando a gestão para uma organização social de saúde.
Segundo o sindicato, até o fim do ano passado, 224 dos 601 equipamentos municipais de saúde da capital estavam sob gestão de organizações sociais parceiras, o que equivale a 37,2% do total.
Resposta
Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), e a STS (Supervisão Técnica de Saúde) Vila Mariana-Jabaquara afirmam que o Complexo de Saúde Ceci é gerenciado pela Administração Direta e mantém dentro da sua estrutura os serviços do Ambulatório de Especialidades, Centro Especializado de Reabilitação, SAE (Serviço de Atenção Especializada), Emad (Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar) e Centro Especializado Odontológico 2 Vila Mariana.
Ainda de acordo com a STS, o AE Ceci conta com 108 funcionários, sendo que seis estão de licença médica prolongada. Chegaram nos últimos meses na unidade um cardiologista, um acupunturista, um homeopata, um auxiliar de enfermagem e um médico generalista. Para a Emad, foram incorporados à equipe dois auxiliares de enfermagem e uma enfermeira. No SAE foi recebido um funcionário administrativo.
A STS afirma que a única remoção ocorrida recentemente na unidade foi a de um profissional do Programa Mais Médicos, em decisão pactuada entre o profissional, gerência, supervisão e coordenadoria. Em setembro de 2020, a unidade realizou 1.905 consultas médicas.
Com relação aos móveis, a STS diz que o AE Ceci recebeu mobiliários para substituir os antigos. Com isso, os que foram descartados estão em processo de baixa patrimonial, para retirada na próxima semana. O prédio recebeu pequenas reformas nos últimos meses , inclusive no sistema elétrico. A unidade está em processo de revitalização da infraestrutura.
A pasta ainda diz que "é lamentável que o jornal se preste a fazer política eleitoral e sindical em sua reportagem".
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