Covas definirá dia 22 retomada das aulas presenciais na capital paulista

Prefeito aguarda análise de dados para decidir como se dará a volta às escolas

São Paulo

O prefeito Bruno Covas (PSDB) deverá definir somente na quinta-feira da próxima semana, dia 22, se as aulas presenciais serão retomadas na capital paulista a partir de 3 de novembro. Segundo a prefeitura, não se trata de um "adiamento" da decisão, mas da necessidade de analisar outras questões em conjunto com a sétima fase do inquérito sorológico, que teve os dados divulgados nesta terça-feira (13). Na semana passada, parte das escolas da cidade de São Paulo reabriu para atividades extracurriculares.

Emef Prof. Fernando de Azevedo, na Vila Curuçá (zona leste de São Paulo), que testou protocolos de segurança para volta às aulas - Rubens Cavallari -11.set.2020/Folhapress

Cobrado sobre uma decisão a respeito da retomada das aulas, o secretário municipal da Educação, Bruno Caetano, afirmou que a decisão se dará por meio de um "contexto de informações". "Inquérito sorológico, censo sorológico e também todos os outros indicadores da cidade de São Paulo. O que prefeitura informou é que, durante o mês de outubro, com o avançar do inquérito e, principalmente, do censo, e das demais informações, vai se pronunciar", afirmou. "Então não há qualquer tipo de atraso ou adiamento dessa manifestação. A prefeitura, no mês de outubro, se manifestará sobre a data possível do dia 3 de novembro", completou.

Caetano afirmou também que, a partir da próxima segunda-feira (19), 15 escolas estarão abertas na capital paulista. "Elas manifestaram interesse ouvindo seus conselhos na última semana, na última sexta-feira."

Questionado pela reportagem sobre como garantir que a Covid-19 não vá se espalhar entre familiares dos alunos, tendo em vista que 70% dos estudantes que contraíram a doença são assintomáticos, Covas disse que essa é justamente a principal dúvida sobre o retorno ou não das aulas presenciais.

"Esse é o cerne da preocupação sobre a volta às aulas na cidade de São Paulo. É exatamente essa a questão que fez com que, até agora, a prefeitura restringisse. Estamos falando da possibilidade de essas crianças levarem, depois, a doença para dentro de casa, e não apenas se contaminarem", afirmou.

Segundo o prefeito, o fato de boa parte dos alunos conviver com pessoas acima de 60 anos em casa (de 26% a 29% dos estudantes da rede pública) é mais um motivo de atenção. "É exatamente por isso que temos feito com a maior cautela necessária, para que, quando retomar, a gente tenha algo de forma modular na cidade de São Paulo, para que não tenha um segundo pico da doença e não coloque em risco a saúde das crianças, dos professores e dos familiares", disse.

A afirmação de Covas abre a possibilidade para que nem todas as escolas ou todos os alunos retornem de uma só vez às aulas presenciais. "Ninguém aqui discute a importância da educação na vida dessas crianças, mas a saúde vem em primeiro lugar. Somente quando a vigilância sanitária entender que é o momento apropriado. Que a gente tenha dados que permitam a retomada, dizer de que forma vai ser essa retomada, é que vamos aprovar", afirmou.

Parques

O prefeito também disse que uma decisão sobre a reabertura de parques durante os fins de semana só se dará nos próximos 15 dias. "Peço um pouco mais de paciência às pessoas. Todo mundo gosta de frequentar o parque aos finais de semana, mas ainda não é o momento de estimular aglomeração na cidade de São Paulo. Acabamos de passar para mais uma fase importante do plano, com atividades culturais", afirmou. "Vamos aguardar mais um pouco, como teremos [a evolução] os casos nos próximos dias, para que possamos continuar na abertura segura para garantir e preservar vidas na cidade", completou.

Desigualdade social

A sétima fase do inquérito sorológico apresentado pela Prefeitura de São Paulo nesta terça-feira (13) reforçou, mais uma vez, o fato de que a população de baixa renda da capital paulista está mais vulnerável a contrair o coronavírus.

Segundo o levantamento da prefeitura, 19,3% dos moradores de áreas com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), como o Grajaú (zona sul), foram contaminados. No outro extremo, entre quem vive em regiões com alto IDH, como Pinheiros e Jardins, apenas 4,6% tiveram o coronavírus (quatro vezes menos).

O coronavírus atinge mais aqueles com menor escolaridade, pretos e pardos, das classes D e E, moradores da periferia da cidade.

O próprio prefeito Bruno Covas (PSDB) reconheceu o problema, diante dos dados. “É uma questão forte em relação à desigualdade. Afeta mais a população mais pobre, com presença maior em bairros com menor IDH. Afeta a população mais preta e parda, quando comparada com a raça branca. Afeta a população menos escolarizada. Jogou luz sobre a desigualdade social da cidade de São Paulo”, afirmou

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