Doze crianças entre 7 e 10 anos retornaram para atividades presenciais na Escola Estadual Thomaz Rodrigues Alckmin, no Itaim Paulista, na zona leste da cidade de São Paulo, nesta quarta-feira (7).
Neste primeiro dia de aulas extracurriculares autorizadas na cidade de São Paulo, a unidade adotou algumas medidas para evitar a propagação do novo coronavirus entre as crianças.
Na entrada da escola, que em momentos sem pandemia recebia 498 alunos, um funcionário mede a temperatura das crianças. Ao lado estava disponível um galão de álcool em gel para higienização das mãos de crianças e servidores. No chão um tapete sanitizante. Nas classes, poucos alunos e carteiras mantendo o distanciamento social.
Os três filhos de Gisele Orlando, 34 anos, estavam entre as crianças que retornaram para escola. Miguel, 10, Bruna, 9, e Hugo, 7, estavam ansiosos para rever os amigos.
Gisele, que é confeiteira, acredita que a volta às aulas é uma coisa boa, mas confessa que está um pouco receosa por conta do novo coronavirus. Ela ainda tem dois bebês que ficam em casa.
“Eles vão querer ter contato, eles são pequenos, vão querer abraçar, tirar a máscara, trocar com o amiguinho, e isso deixa a gente receosa”, conta. “Mas acho melhor [ir à escola]. O ensino em casa não é a mesma coisa. Eles ficam falando que a gente não sabe ensinar e que o professor ensina melhor”, diz a mãe. Segundo ela, os filhos entendem bem a situação da pandemia.
“O Hugo já perguntou porque Deus permitiu esse tipo de coisa. Aí eu explico para ele o que está acontecendo”.
Na hora do intervalo as crianças receberam suco de caixinha e um bolinho. Uma funcionária afirmou que não haverá comida manipulada por conta da Covid-19.
O motorista Clovis Norberto, 40 anos, também tem uma filha na mesma escola. Ele, que é pai de três meninas, acredita que a volta às aulas foi a melhor opção. "A preocupação a gente sempre tem. Mas eu também não parei", conta.
A filha dele, Alice Camargo Alves, 9, participou animada do primeiro dia de aula. "A gente respondeu as perguntas da professora e fizemos também aula de educação física", relata a garota.
Já a pequena Emilly Dutra, 10, estranhou um pouco o retorno às atividades. "Foi um pouco estranho porque ficamos o tempo todo falando de coronavírus, foi um assunto só o tempo todo", conta. Segundo ela, neste primeiro dia, na sala de aula não estavam apenas os alunos da turma dela, estudantes de várias idades estavam misturados.
Segundo o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, 900 escolas estaduais estão em funcionamento nos municípios paulistas que já autorizaram atividades extracurriculares. A estimativa dele é que cerca de 200 mil alunos já estejam com aulas presenciais. A rede tem 3,5 milhões de alunos em todo o estado.
Atividades
Entre as atividades deste primeiro dia na escola Thomaz Rodrigues foram aplicadas aulas de educação física pelas professoras Michelle Queiroz, 40 anos, e Viviane Chaves, 34.
Elas realizaram atividades juntas. Nas aulas online também já gravaram um vídeo em conjunto, mas explicaram que nos próximos dias cada uma deverá conduzir aulas separadamente com os alunos.
“Demarcamos a quadra. Este é um tipo de aula que é possível fazer atividades individuais. A gente não encontrou dificuldades com as crianças”, afirma Viviane.
Segundo ela, como estão vindo de forma gradativa, as crianças vão se adaptando, embora os pequenos sejam mais agitados.
No entanto, elas admitem que pessoalmente existe um certo medo por conta da Covid- 19. “A insegurança gente tem. Eu tenho uma criança pequena em casa. A gente volta com responsabilidade”, disse Michelle.
“Eu concordo, tenho receio também. Não tenho criança pequena, mas tenho meus pais que são idosos. Se precisar voltar em definitivo, a gente volta, porque está é minha profissão”, afirma.
Na entrada da escola também existe uma mesa com diversas máscaras descartáveis para aqueles alunos ou servidores que esqueceram o item em casa. A escola, assim como outras unidades estaduais, estão recebendo apenas 20% dos alunos nesta primeira etapa.
A diretora da escola, Vânia Cristina Monteiro Ribeiro, afirma que todos os protocolos estabelecidos pelas autoridades estão sendo cumpridos.
“Nesta chegada, a primeira atividade é o acolhimento. Depois explicamos os protocolos de segurança para as crianças, temos rodas de conversa e também leitura de textos”, explica.
Segundo Vânia, a prioridade agora é contemplar os alunos que não estavam conseguindo realizar as atividades virtuais. Ela conta que o conteúdo ensinado nas próximas semanas também seguirá essa lógica, buscando abordar assuntos não mostrados nas aulas pela internet.
Freguesia do Ó
Outra escola estadual que retornou às atividades na capital paulista foi a Milton da Silva Rodrigues, na Freguesia do Ó, zona norte da cidade. Lá, que tinha turmas de período integral antes da pandemia e atendia cerca de 360 alunos, neste primeiro dia recebeu 40 estudantes pela manhã e outros 40 à tarde.
Os jovens do terceiro ano do ensino médio foram recebidos pela banda da fanfarra da escola no portão e por um tapete verde indicando o caminho que eles deveriam seguir.
No refeitório, ouviram os recados do diretor da escola, participaram de uma atividades física na quadra, tomaram lanche e depois foram para as classes.
Na sala de aula, que normalmente comporta 40 alunos, apenas 8 carteiras estavam disponíveis para os alunos, todas com distanciamento social. Eles também receberam um kit com três máscaras laváveis.
Artur Diniz, 17, conta que seu pai estava meio receoso com o retorno às aulas. "Até porque ele e a minha mãe são de grupo de risco. Mas eles deixaram a decisão comigo e, como sou do 3º ano e faltam só dois meses para terminar, decidi voltar", conta.
Pedro Lucas Lourenço, 17, afirma que optou por voltar porque teve dificuldades com as aulas online. Já Pedro Felipe Ferreira da Silva, 17, explica que "ficar em casa estava sendo um pouco 'massante', estava com saudade de todo mundo".
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