Mesmo na fase vermelha, paulistano aproveita domingo de sol no entorno do Ibirapuera

Parques ficaram fechados durante todo o fim de semana para conter avanço do coronavírus

São Paulo

Mesmo com todo o estado na fase vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva do plano de flexibilização, devido à pandemia do novo coronavírus, muitos paulistanos aproveitaram o calor de 34º C deste domingo (31) para momentos de lazer no entorno do parque Ibirapuera, na zona sul da capital.

O parque, assim como o comércio não essencial, amanheceu fechado, mas isso não impediu de reunir visitantes e ambulantes nos gramados nos arredores, ao longo da avenida Pedro Álvares Cabral.

Paulistanos aproveitam domingo de sol no entorno do parque Ibirapuera,na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), mesmo na fase vermelha do Plano São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Muitos aproveitaram para fazer piquenique, praticar esportes, ler debaixo de árvore ou até tomar sol. Aproximadamente 15 ambulantes vendiam bebidas e alimentos no momento em que a reportagem do Agora esteve no local, por volta do meio-dia. Lá, a maioria das pessoas estava com máscara e respeitava o distanciamento social. A GCM (Guarda Civil Metropolitana), fazia a segurança do espaço.

O casal de namorados Paulo Cardoso, 28 anos, e Monique Garcia, de 26, saíram da Vila Zelina (zona leste) para curtir o domingo ensolarado, mesmo sabendo que o parque não estaria aberto. Eles escolheram uma sombra para estender a toalha e realizar um piquenique com vista para a fonte do lago. "Ficamos tristes, pois tínhamos programado esse passeio há muito tempo. Ainda bem que achamos um canto para curtir o dia”, disse Paulo.

Do outro lado da avenida Pedro Álvares Cabral, na praça Ibrahim Nobre, a terapeuta Beatriz Monteiro, 24 anos, e o amigo Bruno Nogueira, de 21, montaram uma fita elástica slackline entre as árvores para aproveitar o domingo. “Se o parque não estivesse fechado, estaríamos lá jogando vôlei. Mas o jeito foi se reiventar”, disse Bruno, que frequenta o parque diariamente.

Beatriz concorda com a fase vermelha, mas diz que a restrição é desigual. “Está rolando várias festas com aglomerações por aí e ninguém faz nada. Se é para fechar tudo, que a medida sirva para todos”, reclamou a jovem.

Ciclistas passeiam na ciclofaixa na avenida Paulista, na região central de São Paulo, neste domingo - Danilo Verpa/Folhapress

Já na avenida Paulista (centro), a reportagem notou um fluxo maior de pedestres e ciclistas, parte deles sem máscara. O vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), estava fechado com gradis.

Segundo agentes da prefeitura, as barreiras eram para evitar aglomerações no local. “Vim para tirar fotos no vão, mas vou ter que deixar para a próxima”, disse o técnico em celular, Eduardo Cruz, 27 anos, morador de São Caetano do Sul (ABC).

Na rua Aspicuelta, em Pinheiros, (zona oeste ), região boêmia da capital paulista, não havia ninguém na rua e os bares estavam fechados por volta das 14h. Um dos restaurantes fechados tinha uma faixa com os dizeres: “42 famílias passarão fome”, “me deixa trabalhar” e “não somos culpados”.

Na fase vermelha, só é permitido o funcionamento de setores essenciais como farmácias, mercados, padarias, lojas de conveniência, bancas de jornal, postos de combustíveis, lavanderias e hotelaria. Serviços como bares e restaurantes só podem funcionar com retirada na porta, drive-thru e entregas por telefone ou aplicativos.

Foi o primeiro fim de semana da capital na fase vermelha neste ano. Na programação do governo do estado, o próximo, dias 6 e 7 de fevereiro, também será na fase vermelha. Nesta segunda-feira (1º), a cidade volta para a fase amarela.

Ambulantes reclamam da fase vermelha

Vendedores ambulantes que trabalham no parque Ibirapuera reclamaram da falta de clientes durante o fechamento do parque. Chenimar Januário, 40 anos, estava desanimada com as vendas neste domingo. “Estou aqui desde cedo e não vendi nada. Quando o parque estava aberto, vendia fácil 50 garrafas por dia”, afirmou ela, que resolveu fazer a promoção “uma são três, duas são cinco" para tentar atrair de alguma forma o público.

A ambulante, que disse ter sido diagnosticada com covid-19 logo no início da pandemia e até hoje sofre com efeitos da doença, afirma que a fase vermelha não é muito eficaz. “Fecha o parque, mas as pessoas que estariam lá estão aqui na rua do mesmo jeito”, afirmou.

No gramado da avenida Pedro Álvares Cabral, que margeia o parque, estava Cicero Vieira, 49 anos, com seu carrinho de pipoca e batata chips. “Tem uma hora e meia que estou aqui e até agora não mexi no caixa”, disse. Segundo ele, os fiscais da prefeitura tinham sido os únicos a irem ao seu carrinho, mas para conferir a licença para trabalhar no local. “Sem a autorização, aí que a coisa fica feia”.

Maria do Socorro, 54 anos, estava com o carrinho de sorvete quase cheio quando falou com a reportagem. “Dependemos do público que vem ao parque para sobreviver. Sem eles, como levo dinheiro para casa?” afirmou.

Prefeitura diz que fiscaliza estabelecimentos

A Prefeitura de São Paulo, sob gestão Bruno Covas (PSDB), disse que interditou 1.429 estabelecimentos por descumprirem as legislações municipais desde o início da quarentena até 22 de janeiro. Destes, 1.009 são bares, restaurantes, lanchonetes e cafeterias, baladas e danceterias. A Guarda Civil Metropolitana presta apoio para garantir a segurança dos fiscais.

Afirmou ainda que até o dia 26 de janeiro 13.488 estabelecimentos foram orientados sobre as medidas sanitárias necessárias, como a utilização de máscaras, 11.424 mil materiais gráficos educativos distribuídos e 1.755 máscaras distribuídas nas ações nos grandes centros comerciais, nas diferentes regiões da cidade e locais com o maior fluxo de pessoas.

O texto diz que “a prefeitura tem optado por ações educativas, reforçando à população a necessidade do uso correto das máscaras, não fazendo desta uma ação punitiva, com multas”.

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