Descrição de chapéu games

Promotoria investigará ameaças de morte contra blogueira no caso da gamer assassinada

Professora Lola Aronovich diz que vem recebendo emails e telefonemas de pessoas se dizendo ligadas ao suspeito do crime

São Paulo

O promotor de Justiça Fernando Bolque afirmou, na noite desta sexta-feira (26), que deverá investigar o conteúdo das ameaças que a professora da UFC (Universidade Federal do Ceará) e feminista Lola Aronovich afirma ter recebido. Ela mantém o blog Escreva Lola Escreva.

Lola diz que vem recebendo ameaças de pessoas que estão se identificando como próximas de Guilherme Alves Costa, o estudante de 18 anos que na última segunda-feira (22) foi preso por ser suspeito de matar com golpes de espada e faca a jogadora de games profissional Ingrid Bueno.

Costa foi encaminhado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) Paulo Gilberto de Araújo, no Belém (zona leste). A Promotoria ofereceu denúncia contra o estudante por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e meio cruel. Até esta sexta ele não tinha constituído advogado, segundo a polícia.

A jogadora de e-Sports Ingrid Bueno, conhecida como Sol, 19 anos, foi morta a facadas na tarde de segunda-feira (22), no bairro de Pirituba (zona norte da capital paulista) - Reprodução/Instagram

Costa e a vítima, conhecida como Sol, se conheceram há cerca de um mês pela internet, segundo a polícia. O estudante, que também é jogador de games, teria convidado Ingrid para jogar na casa dele no dia do assassinato.

O corpo de Ingrid foi encontrado caído, ao lado de uma cômoda, pelo irmão do suspeito, um estudante de 23 anos. Os irmãos de Guilherme foram procurados para falar sobre o crime, mas não quiseram dar entrevista.

Em artigo na revista Carta Capital na quinta-feira (25), Lola afirmou ter recebido um email de Guilherme com o título “Um ato louvável de Asmodeus”, contendo quatro links, sendo três de vídeos curtos em que ele se gaba de ter assassinado Sol, e um quarto link com um suposto livro que o jovem diz ter escrito.

Em determinado trecho da mensagem, colocada na íntegra no artigo de Lola, estava escrito “eu peguei um ódio forte das mulheres nos últimos anos da minha vida”. Além disso, agradece ao “Crazychan” (uma espécie de fórum de discussão a que ele diz pertencer). Aborda ainda ter uma arma (não localizada pela polícia) e que faria “coisas novas”, sem detalhar quais.

Segundo Lola, a mensagem chegou em sua caixa postal às 23h09 da segunda-feira, horas depois da prisão de Guilherme, ocorrida por volta das 15h daquele dia. Além desta mensagem, ela disse ter recebido outro email na última quarta-feira (24), mencionando que o “Crazychan” seria um grupo de WhatsApp liderado por um jovem de 14 anos. No mesmo dia, mais tarde, recebeu uma ligação de um garoto a ameaçando e obrigando que a menção ao “Crazychan” fosse retirada.

Na tarde desta sexta-feira (26), ela disse que recebeu um novo email contendo mais ameaças. “Estamos organizando o assassinato de outras vagabundas. Isso foi só o começo. A arte relatada por Guilherme está com um de nossas camaradas”, diz trecho da mensagem.

Lola disse ter encaminhado as mensagens para a delegada responsável pelo caso, Aline Albuquerque Ferreira, do 89º Distrito Policial (Vila Pereira Barreto).

O promotor Bolque afirmou que avaliará o teor das mensagen. “Na segunda-feira [1º] mesmo já vou indagar a delegada a respeito disso, ver qual foi o conteúdo disso, e me inteirar dessa circunstância”, afirmou.

Dependendo do teor das mensagens, e se elas tiverem relação com a motivação de Guilherme para cometer o crime, Bolque afirmou que pode até servir de base para mudar a denúncia e incluir o feminicídio, o que não está caracterizado por ora.

“Primeiro eu preciso analisar essa circunstância e depois sim, eventualmente, tomar providência em relação a isso”, disse.

Resposta

Procurada, a delegada não quis dar entrevista. Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que a investigação ficará com o 87º DP, "em outro inquérito policial instaurado" E que a professora deverá ser ouvida.

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