Voltaire de Souza: O espírito é veloz

Voltaire de Souza

Fé. Esperança. Renovação.
A Igreja Católica abandona antigos preconceitos.
Aconteceu em Salvador.
Arcebispo arrasa em roda de capoeira.
Aqui em São Paulo, Padre Pelozzi tinha dúvidas.
—Um poco exageratto…
A beata Marinês estava curiosa.
—Mas o senhor é contra, padre?
Pelozzi olhou com bondade para a anciã.
—Qualquer dia, Marinezze, você vai desfilare no Carnevale.
—O senhor acha, padre?
—Con il umbico di fora.
—Ah, então eu precisava fazer um regimezinho… hihi.
Padre Pelozzi levantou os olhos para o céu.
—Santa burritsia.
A paciência de um sacerdote, por vezes, tem limites.
—Pensó que io falava sério.
Em casa, Marinês conheceu um ímpeto de renovação.
O almoço foi um chá e três folhas de alface.
—E nada no jantar.
Com a fome, veio a visão.
Um homem de terno branco. Chapéu de ladinho. Sapato bicolor.
—Marinês. Do jeito que você está já dá pro gasto.
—Leonel? É você?
Não se tratava do falecido marido.
—Sou o Zé Pelintra, minha filha.
Pelozzi ainda não deu pela falta da fiel.
Corpos, algumas vezes, não se renovam facilmente.
Já o espírito se transforma rapidinho.

Fé. Esperança. Renovação
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