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Estudantes tiveram regressão na aprendizagem durante a pandemia, diz avaliação

Estudo do governo paulista em parceria com universidade mineira mostra que, em alguns casos, estudantes levarão 11 anos para recuperar o conhecimento perdido

São Paulo

Um estudo divulgado nesta terça-feira (27) pela Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, gestão João Doria (PSDB), avaliou os impactos da pandemia na aprendizagem dos estudantes de São Paulo. Os resultados indicam que os anos iniciais do ensino fundamental são os que mais sofrem com a defasagem, principalmente em matemática.

Foram analisados alunos do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. Cerca de 7.000 estudantes de cada ano escolar tiveram os índices de matemática e língua portuguesa do início do ano letivo de 2021 comparados aos resultados de 2019, usando a escala de proficiência do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

Escola estadual na zona sul de São Paulo; aulas presenciais na rede foram retomadas no dia 14 de abril - Rivaldo Gomes -14.abr.2021/Folhapress,

A maior defasagem está no 5º ano, que teve uma queda de 19% na aprendizagem de matemática e de 13% em língua portuguesa. Em ambas as disciplinas, os índices indicam que os alunos do início do 5º ano estão com conhecimentos considerados adequados para o final do 3º ano do fundamental.

Para alcançar os mesmos resultados de 2019 ao fim de 2021, será necessário subir 46 pontos na escala de matemática do 5º ano. No entanto, os estudantes do ensino fundamental costumam subir uma média de 4 pontos por ano. Isso significa que seriam necessários 11 anos para recuperar a aprendizagem perdida com a pandemia.

O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, defendeu o papel das aulas presenciais na tentativa de evitar uma queda ainda mais acentuada do que a prevista pelo estudo, durante a apresentação do estudo. Atualmente, de acordo com o Plano São Paulo de enfrentamento da pandemia de Covid-19, os estudantes não são obrigados a ir à escola e podem fazer as aulas por ensino remoto.

"Nada substitui a escola presencial", diz o secretário, que também afirma que os desafios enfrentados na educação pré-pandemia já eram gigantescos e são ainda mais afetados pela ausência nas escolas.

Os estudantes de 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do médio também tiveram perdas, embora menores que os do 5º ano.

Nos dois anos de ensino, por exemplo, seria necessário um aumento equivalente a mais de três anos de aprendizado de matemática para que o nível no fim de 2021 seja o mesmo de 2019.

Para mitigar os efeitos da pandemia, a secretaria cita cinco ações: o retorno às aulas presenciais, o Programa de Recuperação e Aprofundamento, o Programa Além da Escola, a expansão do Programa de Ensino Integral e as melhorias no Centro de Mídias da Educação, para ensino remoto.

"A queda [na aprendizagem] é inevitável, ainda mais não voltando às aulas. O resultado do 5º ano, no início do ano de 2021, é menor do que o 3º ano em 2019. É irrecuperável isso em poucos meses. Não adianta esconder o sol com a peneira. A questão é: quão mais irrecuperável será, ao longo do tempo, se a gente demorar para ter um retorno?", questiona o secretário.

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