Número de mortos em fila de leitos de UTI chega a 579 em São Paulo

Levantamento do Agora aponta que o dado ainda é alto, mas apresenta desaceleração no estado

São Paulo

Levantamento feito em todas as regiões do estado de São Paulo nesta quinta-feira (22) indica que ao menos 579 pessoas morreram à espera de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para atendimentos de casos graves de Covid-19. A maior parte, 74,8% (ou 433) acabou registrada no mês de março, e outras 146 (25,21%), em abril.

Essas mortes foram registradas em 29 cidades. Mais da metade delas (339, ou 58,5%) foram em 13 municípios da Grande SP.

O levantamento foi feito por meio de contato com 50 administrações municipais de todas as regiões do estado. Destes, 31 responderam à reportagem. Entre as 19 que deixaram de responder, 8 já haviam registrado mortes à espera de UTI.

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Hospital de Campanha de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo (SP), no inicio de março; cidade registrou 40 mortes de pessoas à espera de leitos de UTI - Rubens Cavallari/12.mar.2021/Folhapress

Esta é a quinta sondagem desde 11 de março. Em relação ao último levantamento, em 5 de abril, quando foram computadas 532 mortes, há uma evolução de 8,11% nos registros. Foram 47 nos últimos 17 dias.

Apesar do avanço, percebe-se uma desaceleração na taxa de crescimento. Na primeira vez que a sondagem foi feita, no dia 11 de março, 42 pessoas haviam morrido à espera de um leito de UTI. Oito dias depois, no dia 19 de março, o número mais do que dobrou, chegando a 104 registros na segunda sondagem realizada. O maior salto foi percebido no terceiro levantamento, concluído no dia 31, portanto, 12 dias após o anterior, quando foram anotadas 336 mortes, o equivalente a 223% mais.

A quantidade de pessoas internadas no estado está em queda, segundo o governo estadual. Entre a quarta e quinta-feira, a diminuição foi de 1,82% no total de internações (entre enfermaria e UTI). O número de internados em UTIs sofreu leva queda no período, passando de 11.009 para os atuais 10.826. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado é de 81,4% e na Grande SP é de 79,4%.

O total de mortes chegou a 90.810, 3,25% do total de casos confirmados, 2.793.750 paulistas.

Os dados constantes no levantamento levam em conta o número de pessoas que estavam internadas em estado grave em serviços de saúde mantidos pelas prefeituras com Covid. Seus nomes foram inseridos no sistema Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) para serem atendidos em unidades que atendem casos mais complexos. A espera, aliada a evolução da doença, levou a morte de todas elas antes da liberação da vaga.

Não cabe a Cross à criação da vaga, mas sim a busca para saber onde há local disponível e também a avaliação do estado clínico do paciente. Em alguns casos, o estado de saúde do paciente é tão grave que ele sequer pode ser transferido, sobre o risco de morrer no trajeto.

Revisão

Até o levantamento realizado no dia 5 de abril, as prefeituras de São Bernardo do Campo e Guarulhos, ambas na Grande São Paulo, haviam informado 57 mortes de pessoas à espera de leitos de UTI.

Procuradas novamente nesta quinta-feira, ambas disseram que fizeram revisão nos cálculos e não é possível afirmar que todas elas foram provocadas pela espera de um leito de UTI.

Em nota, Guarulhos, que no dia 5 de abril informou 21 mortes à espera de leitos de UTI, desta vez alegou ser impreciso definir em números as condições em que cada um deles veio a ocorrer. “A dificuldade em definir a gravidade passa a impressão, inclusive, que todos os pacientes poderiam ser salvos, o que não é verdade”, informa trecho da nota.

Em resposta enviada às 11h30 desta quinta-feira, a prefeitura de São Bernardo do Campo informou que entre os dias 14 de março e 16 de abril, recebeu 38 pacientes em unidades de atendimento em estado grave, que acabaram morrendo em processo de transferência para leitos já cedidos pela Cross. Mais tarde, às 14h11, informou que apenas 1 morte havia sido registrada por falta de leito de UTI.

O jovem Renan Ribeiro, 22 anos, que morreu de Covid-19, no dia 13 de março de 2021, enquanto aguardava uma vaga de UTI em uma unidade de saúde da zona leste de São Paulo foi o primeiro caso de mortes por falta de UTI Covid na capital - Arquivo pessoal

Já a prefeitura de São Paulo não informou quantos morreram à espera de leitos de UTI, mesmo tendo sido a própria Secretaria Municipal de Saúde o órgão que divulgou oficialmente a primeira morte na cidade por falta de leito de UTI, o de Renan Ribeiro Cardoso, de 22 anos, morto no dia 13 de março. Outras três foram confirmadas no dia 26 de março.

Lista

  • Bauru 65
  • Franco da Rocha 63
  • Francisco Morato 53
  • Bragança Paulista 52
  • Taboão da Serra 48
  • Ribeirão Pires 40
  • Registro 34
  • Itapecerica 29
  • Itaquaquecetuba 25
  • Caieiras 23
  • Diadema 23
  • Buri 19
  • Jandira 15
  • São Caetano 15
  • Mauá 14
  • Dracena 13
  • São Carlos 9
  • Rio Grande da Serra 7
  • Barretos 6
  • Guararema 6
  • Nova Granada 5
  • São Paulo 4
  • Ribeirão Bonito 3
  • Juquitiba 2
  • Presidente Prudente 2
  • Irapuã 1
  • Poá 1
  • Tabapuã 1
  • São Bernardo 1
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